Walter acordou por volta das seis da madrugada. Como habitual, vestiu a sua roupa ligeira de caminhada, uns calções e uma camisola de cavas. Segundo alguns, que faziam piadas acerca da quantidade e qualidade da roupa que usava para fazer exercício no Inverno, a indumentária não era a mais apropriada para o frio. Quem pensava assim só podia ter medo do frio, mas não ele pois o exercício físico iria mantê-lo quente. Saiu de casa. Lá fora, um manto branco cobria tudo à sua volta. A neve de várias semanas já somava quase meio metros nas zonas onde ainda não havia sido retirada. Não nevava e o céu estava limpo. Ao inspirar pela primeira vez aquele ar frio de Janeiro, os seus pulmões arderam-lhe fortemente, como lhe acontecia todos os dias de Inverno. A temperatura devia rondar os vinte graus negativos. Caminhou em passo de marcha rápida à volta dos edifícios do seu posto de comando em Poltava durante quarenta minutos, sempre perdido nos seus pensamentos sobre as tarefas que deveria desempenhar e as decisões que teria que tomar durante o dia.
No dia seguinte, teria de acordar ainda mais cedo de modo a inspeccionar uma das suas divisões de infantaria estacionadas nas imediações da cidade. Suspeitava que os oficiais estavam a ser descuidados em relação a algumas das suas ordens que tinham como objectivo o bom ambiente político dos soldados. Antes do Natal, tinha encontrado várias frases de protesto escritas a carvão nas paredes do seu quartel-general. Por norma, Walter ficava calmo em quase todo o tipo de situação mas, quando leu as frases, não conseguiu evitar explodir de raiva porque as mensagens eram mais provocadoras do que ele conseguia tolerar. “Queremos voltar para a Alemanha” diziam algumas, outras aclamavam “Estamos fartos disto” ou “Estamos sujos, temos piolhos e queremos ir para casa”. Outros foram mais longe, escrevendo “Não queremos esta guerra”. Obviamente, como era normal nestes casos, responsabilizara os oficiais por este incidente. Eram eles quem tinham de responder pelas acções dos seus soldados e lidar com elas e com as respectivas consequências, tal como ele tinha que responder pelas acções dos seus oficiais perante o Alto Comando.
A União Soviética seria novamente atacada assim que a Primavera despontasse. Era isso que o Führer desejava e, por isso, Walter estava disposto a tudo para ser bem-sucedido. Era um membro convicto e dedicado do DAP, Deutsche Arbeitespartei, desde 1932, quando conhecera Hitler pessoalmente e as suas ideias ambiciosas o cativaram. E continuaria a ser, pois acreditava nos mesmos ideais e tinha os mesmos objectivos. Não se arrependia, nem iria fazê-lo tão cedo, de ter doado uma das maiores fábricas de móveis da Alemanha ao partido. Era provavelmente a maior das fatias pertencente aos valores da família, a qual o partido transformou prontamente numa fábrica de munições poucos meses antes da guerra começar. Na realidade, essa doação havia-lhe poupado muito trabalho administrativo, dando-lhe assim oportunidade de se dedicar inteiramente à sua carreira militar, que era a única coisa que no fundo realmente lhe interessava.
A campanha do ano anterior havia corrido muito bem. Na maior parte do tempo, os Panzer limitaram-se a avançar sem resistência pelo meio das planícies semi-desertas. A Rússia estava perto da ruptura e, se a campanha desse ano tivesse semelhante sucesso, aconteceria à Rússia pior do que havia acontecido na Primeira Guerra Mundial. A falta de comida causara uma forte desmoralização e revoltas, que terminaram num colapso completo, assim a Rússia fora forçada a desistir do conflito. Porém, desta vez isso implicaria uma rendição incondicional. As linhas gerais para esse ano já estavam a ser delineadas, e ele estava confiante de que iriam ser bem-sucedidos sem grandes dificuldades. A melhor parte, no seu ponto de vista, era o facto de ser uma das peças chave de todo o plano. Nunca a Alemanha estivera tão perto de se vingar da humilhação que sofrera há quase vinte e quatro anos atrás. E, depois da Rússia, cairia o Reino Unido, que não tinha meios para continuar sozinho a luta na Europa. Os Estados Unidos da América não representavam uma ameaça real, apesar de oficialmente estarem em guerra com a Alemanha, havia algumas semanas. Os japoneses foram esplendidamente eficientes no seu ataque surpresa à principal base naval Norte-Americana no Hawai, que ocorrera no mês passado. Dezenas de navios foram afundados, o que iria, sem dúvida, limitar as operações americanas no Pacífico. Mais uma vitória para os aliados da Alemanha. Em sintonia com o Imperador japonês, Hitler decidira declarar guerra aos Estados Unidos da América.
No dia seguinte, teria de acordar ainda mais cedo de modo a inspeccionar uma das suas divisões de infantaria estacionadas nas imediações da cidade. Suspeitava que os oficiais estavam a ser descuidados em relação a algumas das suas ordens que tinham como objectivo o bom ambiente político dos soldados. Antes do Natal, tinha encontrado várias frases de protesto escritas a carvão nas paredes do seu quartel-general. Por norma, Walter ficava calmo em quase todo o tipo de situação mas, quando leu as frases, não conseguiu evitar explodir de raiva porque as mensagens eram mais provocadoras do que ele conseguia tolerar. “Queremos voltar para a Alemanha” diziam algumas, outras aclamavam “Estamos fartos disto” ou “Estamos sujos, temos piolhos e queremos ir para casa”. Outros foram mais longe, escrevendo “Não queremos esta guerra”. Obviamente, como era normal nestes casos, responsabilizara os oficiais por este incidente. Eram eles quem tinham de responder pelas acções dos seus soldados e lidar com elas e com as respectivas consequências, tal como ele tinha que responder pelas acções dos seus oficiais perante o Alto Comando.
A União Soviética seria novamente atacada assim que a Primavera despontasse. Era isso que o Führer desejava e, por isso, Walter estava disposto a tudo para ser bem-sucedido. Era um membro convicto e dedicado do DAP, Deutsche Arbeitespartei, desde 1932, quando conhecera Hitler pessoalmente e as suas ideias ambiciosas o cativaram. E continuaria a ser, pois acreditava nos mesmos ideais e tinha os mesmos objectivos. Não se arrependia, nem iria fazê-lo tão cedo, de ter doado uma das maiores fábricas de móveis da Alemanha ao partido. Era provavelmente a maior das fatias pertencente aos valores da família, a qual o partido transformou prontamente numa fábrica de munições poucos meses antes da guerra começar. Na realidade, essa doação havia-lhe poupado muito trabalho administrativo, dando-lhe assim oportunidade de se dedicar inteiramente à sua carreira militar, que era a única coisa que no fundo realmente lhe interessava.
A campanha do ano anterior havia corrido muito bem. Na maior parte do tempo, os Panzer limitaram-se a avançar sem resistência pelo meio das planícies semi-desertas. A Rússia estava perto da ruptura e, se a campanha desse ano tivesse semelhante sucesso, aconteceria à Rússia pior do que havia acontecido na Primeira Guerra Mundial. A falta de comida causara uma forte desmoralização e revoltas, que terminaram num colapso completo, assim a Rússia fora forçada a desistir do conflito. Porém, desta vez isso implicaria uma rendição incondicional. As linhas gerais para esse ano já estavam a ser delineadas, e ele estava confiante de que iriam ser bem-sucedidos sem grandes dificuldades. A melhor parte, no seu ponto de vista, era o facto de ser uma das peças chave de todo o plano. Nunca a Alemanha estivera tão perto de se vingar da humilhação que sofrera há quase vinte e quatro anos atrás. E, depois da Rússia, cairia o Reino Unido, que não tinha meios para continuar sozinho a luta na Europa. Os Estados Unidos da América não representavam uma ameaça real, apesar de oficialmente estarem em guerra com a Alemanha, havia algumas semanas. Os japoneses foram esplendidamente eficientes no seu ataque surpresa à principal base naval Norte-Americana no Hawai, que ocorrera no mês passado. Dezenas de navios foram afundados, o que iria, sem dúvida, limitar as operações americanas no Pacífico. Mais uma vitória para os aliados da Alemanha. Em sintonia com o Imperador japonês, Hitler decidira declarar guerra aos Estados Unidos da América.
A segunda parte está disponível em: http://pedro-cipriano.blogspot.co.uk/2012/05/queda-de-von-reichenau-segunda-parte.html
Este capítulo foi retirado do primeiro livro da trilogia de Estalinegrado, porque não estava
relacionado directamente com as personagens principais. Apenas o publico
aqui num exercício de pesquisa e ambientação do resto do livro.
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