segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Ebooks: Blémios

O autor pegou num mito antigo e trouxe-o para a realidade actual.


Autor: Carlos Silva
Sinopse: Eles andam entre nós há centenas de anos. Se ao menos prestássemos atenção aos desenhos dos avós dos nossos avós...


Para quem não conhece o mito, este conto é uma surpresa do início ao fim. A trama foi bem imaginada, não sendo mais longa do que precisa ser e sem dar alívio à tensão. Não sabemos muito sobre a personagem e isso prejudica um pouco o conto. Grande parte da informação vêm-nos a partir dos diálogos. Apesar disso, é um conto que se lê muito bem.
Recomendo a quem quiser conhecer o trabalho deste autor!

Classificação: 4 estrelas

domingo, 30 de agosto de 2015

Chá de Domingo #49: Check List da Revisão

A revisão é uma tarefa ingrata e complicada. Acabo por ter que usar uma lista para saber o que já fiz e o que me falta fazer. Uma das minhas favoritas é a que vou reproduzir de seguida. Foi elaborada por Erik Christensen e foi-me dada a conhecer pela Sara Farinha.


1 - Estrutura das frases

As frases são longas ou curtas? Como é que o comprimento varia ao longo da história? Contem muitos elementos de ligação ou são quase fragmentos? Há divagações ou interrupções? A ordem das palavras está próxima do esperado ou são usadas técnicas inconvencionais de construção frásica?

2 - Ritmo

A escrita é fortemente descritiva, com ênfase nos cenários e atmosfera ou foca-se na trama e na acção? 

3 - Dicção

A escrita é suscita e eficiente ou elaborada e cheia de enfeites? Quando é que um e o outro modos são usados e porque?

4 - Vocabulário

As palavras são simples ou rebuscadas? São elas técnicas, floreadas, coloquiais, trocadilhos, herméticas, obscuras, etc?

5 - Figuras de Estilo

Há metáforas, comparações ou simbologia? Há outros uses de linguagem figurada: personificação, metonímia, etc?

6 - Uso do Diálogo

Qual a frequência em que o diálogo conta a história? Os diálogos são transcritos na totalidade ou há apenas fragmentos? O diálogo transmite a sensação de ritmo, das pausas e daquilo que não foi dito? A conversação é formal ou faz uso do calão? Aparenta ser natural ou parece artificial? Quanto é que substitui a narração?

7 - Ponto de Vista

Primeira pessoa, segunda pessoa, terceira pessoa, omnisciente, omnisciente de modo limitado,  múltiplo, inanimado, livre discurso indirecto?

8 - Desenvolvimento das Personagens

Como são introduzidas as personagens e como é feita a sua evolução durante a história? Qual a sua função e motivação? Que tipos de personagens há? Personagens completas e multidimensionais? Personagens típicas? Estereótipos? Caricaturas?

9 - Tom

Qual a atitude do narrador? Qual o estado de espírito mais relevante? O narrador parece sarcástico? Agressivo? Pessimista? Melancólico? Apaixonado? Filosoficamente desapegado? Esperançoso? Ironico? Sempre chateado? Etc... Onde é que esses tons são perceptíveis na narrativa?

10 - Som e Cor das Palavras

A linguagem chama a atenção? Depende da qualidade do som, através da aliteração, assonância, consonância, dissonância, ritmo, escolha invulgar de palavras, etc?

11 - Estrutura dos Parágrafos e Capítulos

Os parágrafos são muito curtos ou enormes blocos de texto que se estendem por muitas páginas? Os capítulos são custos ou longos? Quantos são e como estão organizados? Isso tem importância para o livro?

12 - Sequência temporal e Cronologia

Como é que a cronologia dos acontecimentos foi organizada? Para que efeito? Qual é o ritmo estrutural da obra?

13 - Alusões

Quão frequente existe referência para outros textos, mitos, símbolos, figuras famosas, acontecimentos históricos, citações, etc?

14 - Experimentos com a Linguagem

Há presença de técnicas pouco usuais como fluxo de consciências, mistura de estilos e géneros, quebra das regras de gramática e da forma, perspectivas estranhas e/ou instáveis, onomatopeia, aporia, etc?

15 - Técnicas Metaficcionais

O narrador chama a atenção para o próprio processo de narração? A posição do narrador, pensamentos e função como narrador são mencionados no texto? Quem funções serve à narrativa?


E vocês que listas de correcção usam?

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Ebooks: Boa Noite, Gonçalo!

Considero muito interessante a abordagem que este autor dá a este tema, não só neste, mas também noutros contos.



Autor: Carlos Silva
Sinopse: A crise afecta a todos, até aos pais de Gonçalo. Estarão eles preparados para fazer o que é necessário para salvar as finanças da família?


Apesar de passado num universo distinto do nosso, a situação que a família protagonista atravessa é-nos demasiado familiar. O ambiente de ficção científica poderá dar algumas pistas ao leitor mais atento sobre o final. O universo esta bem conseguido, embora seja baseado em muitos clichés do género. Para além da empatia natural que temos pela família, não há outras ligações fortes, contudo, não são necessárias, pois o autor sobre escolher a melhor alavanca para o leitor. A reviravolta final só melhora o conto. Gostei bastante.
Recomendo a quem goste de ficção científica suave ou queira conhecer o trabalho deste autor português.

Classificação: 4 estrelas

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Ebooks: É Só Uma Piada!

Para perceberem este conto à primeira precisam de ter umas noções sobre o universo do Batman.


Autor: Carlos Silva
Sinopse: Uma fanfic com o Joker e o Batman.


O formato gráfico do conto chama à atenção. É curtinho e permite uma leitura rápida, apesar de não ser aconselhável para se apreciarem as subtilezas. Para um leitor que não conheça o universo, creio que não terá grande interesse, no entanto, é um mimo para todos os aficionados.
Recomendo aos fãs do universo da DC Comics!

Classificação: 3 estrelas

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Ebooks: Máquinas Infernais Vindas do Céu

Este género de conto não costuma constar das minhas escolhas.


Autora: Ana Filipa Ferreira
Sinopse: Aurélia trás para a sua mansão uma gerigonça que o presidente quer ver destruída. Quem máquina infernal vinda do céu será esta?


Confesso que este conto não encaixa nos meus géneros predilectos. Parece que caímos de para-quedas na história e no universo, mas acaba por não importar muito. Há questões que não são respondidas só que acabamos por nos esquecer delas assim que a história se desenvolve. O grande problema foi não haver nenhuma empatia com as personagens, apesar de história ser bastante gráfica. Os conceitos de trama não são de todo aplicáveis a este conto.
Recomendo a quem goste de contos eróticos.

Classificação: 3 estrelas

domingo, 23 de agosto de 2015

Chá de Domingo #48: Criar Personagens - Parte 2

Decidi expandir um pouco o artigo sobre a criação de personagens que publiquei aqui.


Passo aqui a reproduzir a ficha de personagem que uso e que me foi facultada pela Sara Farinha (sintam-se à vontade para usar também):


Ficha de Personagem

Descrição Física da Personagem

Nome (significância/origem do nome):

Idade:

Altura/Peso:

Tipo de Corpo:

Cheiro (aroma/perfume):

Cor dos olhos (lista de sinónimos):

Cor e corte de cabelo (lista de sinónimos):

Outros traços físicos que o distinguem (2 ou 3 específicos da personagem):

Estilo / Roupas habituais:

Acções/Tiques frequentes:

Discurso e estilo de falar:

Características:

Imperfeições físicas ou algo que quisesse mudar em si:

Raça/Grupo Étnico

Caracterização da Personagem

Religião:

Educação Formal:

Treino ocupacional especial:

Ocupação:

Ocupações Anteriores:

Recursos, habilidades e talentos:

Personalidade e Arquétipo:

Traços admiráveis de personalidade (forças):

Traços negativos na personalidade (fraquezas):

Peculiaridades e excentricidades:

Coisas que o enraivecem:

Método de controlar a raiva:

Coisas que o embaraçam (envergonham):

Método de lidar com o embaraço:

Medos:

Método de lidar com o medo:

Maus hábitos ou vícios:

Preconceitos:

Hábitos irritantes ou idiossincrasias:

Sentido de Humor:

Filosofia de Vida:

Doenças Físicas ou sofrimento:

Passatempos ou interesses:

Comida Favorita:

Livros Favoritos:

Cor Favorita:

Local Favorito:

Objecto Especial para a personagem:

Pessoa ou amigo íntimo da personagem:

Caracterização da História da Personagem


Descrição da sua casa, da vivência em casa e do estatuto económico:

História familiar:

Experiências mais dolorosas do passado da personagem (que corroborem o comportamento do personagem):

Objectivos/Metas da Personagem (o que quer; qual o seu maior sonho):

Motivação da Personagem (porque quer atingir o objectivo acima):

Conflito da Personagem (o que o impede de alcançar o seu objectivo):

Sumário da Falha Fatal da Personagem (o problema principal que é preciso resolver):

Objectivo Principal da História Pessoal da Personagem:

Premissa ou Mensagem desta História (o que estou a tentar provar com a história desta personagem):



Que outras fichas conhecem? O que acrescentariam retirariam desta ficha?

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Livros: The Hunger Games

Comecei a ler o livro já tarde e acabei por fazer directa só para terminar.


Autora: Suzanne Collins
Sinopse: Winning will make you famous.
Losing means certain death.
In a dark vision of the near future, twelve boys and twelve girls are forced to appear in a live TV show called the Hunger Games. There is only one rule: kill or be killed. When sixteen-year-old Katniss Everdeen steps forward to take her sister's place in the games, she sees it as a death sentence. But Katniss has been close to death before. For her, survival is second nature.
May the odds be ever in your favour.


Para começar, não é todos os dias que um livro de ficção científica se torna tão popular. Confesso que ao inicio fiquei desconfiado e por isso demorou quatro anos até que comprasse os livros e mais três até finalmente os ler. Contudo, assim que comecei, não consegui largar o livro.
A personagem principal gera simpatia ao leitor. É rica em memórias, ambições e contradições, como uma boa personagem deve ser. O cenário é evocativo e  bem construído. As bases do universo criado são sólidas e consistentes. A trama começa a um bom ritmo e desenvolve-se num crescendo, até ao final que acaba por não ser de todo previsível. As outras personagens estão bem caracterizadas e estão longe de serem uni-dimensionais. A leitura é fluída e acessível, sem facilitar em demasia. Assim que comecei a ler, não consegui largar até ao final.
Recomendo a quem goste de ficção distópica ou que gostasse de experimentar.

Classificação: 5 estrelas

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Livros: A Viagem do Elefante

Este é um daqueles autores que, cada vez que termino um livro, olho para a lista de títulos que me faltam ler e fico triste.

Autor: José Saramago
Sinopse: Em meados do século XVI o rei D. João III oferece a seu primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, genro do imperador Carlos V, um elefante indiano que há dois anos se encontra em Belém, vindo da Índia.
Do facto histórico que foi essa oferta não abundam os testemunhos. Mas há alguns. Com base nesses escassos elementos, e sobretudo com uma poderosa imaginação de ficcionista que já nos deu obras-primas como Memorial do Convento ou O Ano da Morte de Ricardo Reis, José Saramago coloca agora nas mãos dos leitores esta obra excepcional que é A Viagem do Elefante.
Neste livro, escrito em condições de saúde muito precárias não sabemos o que mais admirar - o estilo pessoal do autor exercido ao nível das suas melhores obras; uma combinação de personagens reais e inventadas que nos faz viver simultaneamente na realidade e na ficção; um olhar sobre a humanidade em que a ironia e o sarcasmo, marcas da lucidez implacável do autor, se combinam com a compaixão solidária com que o autor observa as fraquezas humanas.
Escrita dez anos após a atribuição do Prémio Nobel, A Viagem do Elefante mostra-nos um Saramago em todo o seu esplendor literário.


Como o título indica, a história anda à volta da viagem de um elefante. Não só elefante mas do seu conarca, o tratador do elefante, que acaba por se tornar o verdadeiro protagonista. É um personagem que diz muito ao leitor, por ser verdadeiramente humano, como o autor nos habituou. Não achei a obra difícil de ler, talvez por já me ter habituado ao estilo do autor. As divagações, aparentemente irrelevantes, acabam por ser relevantes pelo eco que causam no leitor. Essa divagações conjugam bem com o estilo de escrita, obrigando o leitor a ler mais devagar. Adorei o sarcasmo que que narrou alguns costumes, em especial os ligados à igreja. A trama é simples, mas as implicações deixam-nos material de reflexão para muito tempo. Pode não ser o melhor livro do Saramago, mas sem dúvida que não deve ser posto de lado.
Recomendo a que se deseja iniciar ao Nobel da Literatura Português.

Classificação: 4 estrelas

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Livros: The Amber Spyglass (His Dark Materials #3)

Com este livro, Philip Pullman fecha com chave de ouro a sua melhor trilogia.



Autor: Philip Pullman
Sinopse: Will is the bearer of the knife. Now, accompanied by angels, his task is to deliver that powerful, dangerous weapon to Lord Asriel - by the command of is dying father. But how can he go looking for Lord Asriel when Lyra is gone? Only with her help can he fathom the myriad plots and and intrigues that beset him. The two great powers of the many worlds are lining up for war, and Will must find Lyra, for together they are on their way to battle, an inevitable journey that will even take them to the world of the dead...


É difícil escrever uma crítica que faça jus ao livro. É verdade que o autor complicou a narrativa, introduzindo mais mundos, criaturas e personagens, mas também é esse worldbuilding uma das jóias da coroa desta trilogia. Também é verdade que este volume é muito mais pesado que os anteriores, o que não é de todo uma coisa negativa.
Em primeiro lugar, nota-se que a Lyra vai perdendo relevância e até uma certa profundidade, que é compensada com um maior foco na Mary e no Will. O autor cria universos complexos e detalhados, com regras bastante originais, como por exemplo o mundo dos mortos. Os temas bíblicos acompanham toda a trama, mas são desconstruídos e vergados às intenções do autor. A história avança a um bom ritmo, não havendo abrandamento na pressão até ao final. A trama está recheada de imprevistos e reviravoltas que apanham o leitor de surpresa. Definitivamente destaca-se do que foi feito neste género.
Recomendo esta trilogia completa a que procura um bom livro que combine fantasia, ficção cientifica. É uma obra de arte!

Classificação: 5 estrelas

domingo, 16 de agosto de 2015

Chá de Domingo #47: Criar Personagens - Parte 1

Hoje vamos falar de uma fundamental para quem escreve ficção: as Personagens.


Para contar uma história, necessitamos sempre de, pelo menos, uma personagem. Para mais, numa história cais complexa e longa, podem haver centenas de personagens, por exemplo O Senhor do Anéis ou o Jogo dos Tronos. Essa personagens precisam de ser desenvolvidas e trabalhadas. Todas elas têm uma história, motivações, medos, etc, e é essa profundidade que ajuda a trazer realismo ao livro, mesmo que este se passe A long time ago in a galaxy far, far away...

As personagens tem sempre um cunho único por parte do autor. Há várias técnicas para as construir e eu não me vou centrar em nenhuma em particular, mas antes deixar os aspectos gerais. Dependerá, também, do autor, a profundidade com que quer talhar a personagem, consoante a sua relevância para a história.

O primeiro ponto a ter em conta é o passado. O que é que aconteceu à personagem antes do início da história? Esta é uma das questões que não podemos deixar de responder, pelo menos, para as personagens principais. Podemos dividir o passado em duas grandes categorias: pessoas e eventos. No topo disso podemos também incluir a educação. A qual pode ter uma importância na construção do carácter.

No caso do eventos: Onde viveu? Como foram os seus primeiros anos? Que eventos traumáticos ou memoráveis teve? Experiências de vida? Como é que isso a influenciou física e psicologicamente? Que mudanças de perspectiva isso lhe trouxe?

No caso das pessoas: Com quem viveu? Quem é que esteve presente na sua vida durante longos períodos de tempo? Como é que a influenciou? Como é que se relacionam essas pessoas com os eventos acima referidos? Como é que a personalidade dessa personagem foi moldada?

O segundo ponto importante é o presente. Podemos dividir em várias categorias: interesses e objectivos, posses (materiais ou não) e localização. Os interesses e objectivos podem ser o reflexo do passado, mas também das condicionantes presentes. É essencial que sejam definidos, pois influenciam todo o rumo da história. Em termos de posses, convém referir objectos que tenham um valor especial para a personagem, por exemplo uma carta de amor ou uma foto de uma pessoa querida. Por fim, a localização: o clima, cultura, religião, economia, condições de vida, como é que a personagem se relaciona com o local? Está a adaptar-se bem ou mal? Pode ser interessante contrastar com o local onde a personagem cresceu.

Por fim, quem é a personagem? É pobre ou rica? Qual a sua função na sociedade? É inteligente? O que é que o distingue dos demais? é religioso ou opõem-se à religião? Como é que a personagem veio parar a esta situação? As situações da história vão mudá-la?

É com a resposta a estas perguntas que iremos decidir as acções e respectivas consequências da personagem durante o livro. Quais são as vossas técnicas para a construção de personagens?

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Ebooks: Gosma Literária

Uma farpinha num escritor bem conhecido, que não é o único.


Autor: Carlos Silva
Sinopse: Um cientista afirma que descobriu a substância que irá mudar o modo como se experiência a literatura, mas será que o conteúdo vai mudar?


Este conto é uma sátira à "literatura" portuguesa, recheada de autores pseudo-intelectuais, de frases bonitas, figuras de estilo a pontapé e vazios de conteúdo. Gostei da forma como o autor explorou o tema, metendo o dedo em muitas feridas. Não há grande trama nem conflito, mas não é isso que se espera deste tipo de narrativa.
Recomendo a quem se queira rir um pouco!

Classificação: 4 estrelas

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Ebooks: Icarus Blues

Uma analogia com a figura mitológica clássica foi muito bem aproveitada neste conto.


Autor: Ricardo Dias
Sinopse: Um acidente deixa um astronauta a dezenas de anos-luz de casa, perdido e aprisionado por figuras alienígenas demasiado familiares. Agora, tem o tempo contado para tentar escapar e descobrir um modo de regressar...


A história começa no momento certo, fazendo-se valer da analepse para nos dar a informação que falta. Tem um ligeiro excesso de tecnobabble no que se refere ao fato. Não há uma ligação muito forte com o protagonista até o final do primeiro terço da história. Achei interessante a caracterização dos extraterrestres. A trama começa lenta mas acaba por se desenvolver bem, aumentando o ritmo até ao final, servindo o leitor com um twist ligeiro. Um destaque especial positivo para as ilustrações feitas pelo próprio autor.
Recomendo a todos os fãs de ficção cientifica!

Classificação: 3 estrelas

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Ebooks: Nó Górdio

Viagens no tempo? Paradoxos temporais? É este o conto!


Autor: Ricardo Dias
Sinopse: O líder de uma agência de correcção de anomalias temporais defronta-se com o maior dilema da sua vida. Um problema aparentemente insolúvel, mas que exige uma solução a todo o custo...


Estou dividido em relação ao início do conto, não gosto muito quando a personagem principal não nos é apresentada nas primeiras linhas, se bem que compreendo o porquê do autor o fazer. Talvez por isso seja um pouco mais difícil sentirmos empatia com a personagem principal. Assim que a trama principal começa, a tensão cresce e as revelações sucedem-se impondo um bom ritmo de leitura. Podia beneficiar de alguma descrição mais elaborada dos cenários.
Recomendo a quem goste de viagens no tempo e paradoxos temporais!

Classificação: 3 estrelas

domingo, 9 de agosto de 2015

Chá de Domingo #46: Números & CA!

Vamos lá fazer um balanço disto tudo (enquanto me auto-promovo como tudo).


No passado dia 25 de Julho o blogue atingiu as 50000 visualizações. Demorou mais de três anos a chegar a este número redondo. É um marco importante para mim (nunca nenhum dos meus blogues tinha tido tantas visualizações - aliás, nem todos os meus outros blogues juntos tiveram sequer perto desse número). É certo que a muitas visualizações chegaram-me em eventos únicos, mas o grosso do número veio pelas visitas regulares, ou seja, os leitores fieis.

Ontem cheguei aos 500 gostos na minha página do Facebook. Fui ganhando gostos a um ritmo gradual, com alguns saltinhos quando alguém fazia o favor de convidar os amigos. Tinha 473 gostos quando pedi uma ajudinha e em menos de 24 horas obtive os gostos que me me faltavam. Obrigado a todos os que convidaram pessoas. Em nome próprio só posso agradecer ao João Paiva, que foi o único que se acusou!

Amanhã, dia 10 de Agosto, se tudo correr bem, terei a minha publicação 500. Outro marco importante! Quantas horas é que já dediquei a este projecto? Não interessa muito, cada minuto valeu a pena. Críticas a livros, relatórios do progresso dos Nanowrimos, textos meus e artigos sobre literatura em geral formam o grosso dessas publicações. Deixo um destaque especial para a rubrica Chá de Domingo.

E já agora, ultrapassei os 100 seguidores algures no início do ano. E fico por aqui (eu avisei que isto ia ser uma publicação de auto-promoção).

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Ebooks: O Vizinho do 4-B

O que há melhor do que coscuvilhice portuguesa e mitologia nórdica?



Autor: Ricardo Dias
Sinopse: Duas mulheres coscuvilham acerca da identidade de um vizinho misterioso, que não se mistura com ninguém. Mas será que realmente descobriram quem ele é?


Como está escrito na forma de teatro, quase toda a informação nos chega na forma de diálogo. A história tem um twist final interessante e foi muito bem explorada. Adorei o humor com que foi escrito e a crítica implícita que carrega. Recomendo vivamente!

Classificação: 4 estrelas

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Ebooks: Tua Aurora

A Aurora Boreal é sempre magica e muda todos quantos a vêem.


Autora: Sara Farinha
Sinopse: Nada tem o poder de doer mais do que uma despedida que não se deseja. Mas há despedidas inevitáveis. Tal como Aurora, a viúva de um astrónomo, descobre ao tentar despedir-se do marido. Na floresta boreal da Noruega, Aurora alheia-se da vida numa viagem há muito prometida, ignorando que poderá ter de abandonar mais do que contemplara.


A personagem principal é bem explorada e tem uma profundidade maior do que esperávamos num conto. A acção vai avançando a bom ritmo. A trama tem uma parte previsível e outra que nos apanha de surpresa. Gostei especialmente do desenlace. A linguagem é adequada ao tipo de conto.
Recomendo para quem queria um conto romântico sob uma paisagem mágica!

Classificação: 3 estrelas

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Hoc Signo Vinces - Com Este Sinal Vencerás


Os cinco exércitos cercam-nos neste monte alentejano. Estamos em Ourique, embrenhados em território inimigo. O sol de Verão está perto do horizonte. Não iremos combater hoje. Todavia, amanhã a batalha será inevitável.
Olho para os meus capitães vejo que eles esperam que lhes diga o que fazer. Sempre foi assim, desde que o meu pai morreu que todos esperam milagres de mim, o príncipe do condado Portucalense. É preciso traçar um plano para a batalha. Não me ocorre nada.
— Como podemos enfrentá-los? pergunto, olhando para o esquema do terreno.
O silêncio abate-se sobre os homens mais valorosos de Portucale. Eu sei o que eles estão a pensar. Não devíamos ter vindo tanto para Sul. Irrita-me não mo dizerem abertamente. Os inimigos excedem-nos em cinco para dois. E os nossos homens estão com medo. Até estes diante de mim estão cheios de receios. Não os posso julgar, se soubesse o que sei agora, nunca teria embarcado nesta sortida.
— Se ninguém tem ideias, eu vou pedir-vos que se retirem. Preciso reflectir. Mantenham sentinelas durante a noite e preparem o exército. Iremos dar batalha aos mouros de madrugada. Dar-vos-ei mais detalhes ao nascer do Sol.
Um a um, abandonaram a tenda. Estudo o esquema de novo. No topo do monte estamos seguros. Conseguimos defender ataques vindos de qualquer direcção. No entanto, não conseguimos sair daqui com facilidade. Se tentarmos romper o cerco nalguma direcção, eles conseguem contra-atacar pelos flancos e pela retaguarda. Preciso de algo que possa mudar o rumo da batalha decisivamente. E, claro, algo que moralize os meus homens.
O céu escurece sem que me surja nenhuma ideia. Estou a ver que irei passar uma noite em branco. Um dos servos entra na tenda com o meu jantar.
— Não desejo comer explico, acenando para que me deixe. Não desejo ser incomodado até uma hora antes do nascer do sol. Preciso de orar.
Sou de imediato deixado só. A desculpa da oração resulta sempre. Não tenho intenções de o fazer, pelo menos não agora. Todavia, seria perfeito se aparecesse Jesus Cristo e me dissesse como ganhar esta batalha.
— Deus tem muitas formas constata um idoso, vestido em trapos.
Não dei pela entrada dele. Como teria passado os guardas?
— Eu disse que...
— … que querias ficar sozinho completou o velho, sorrindo.
— Como é que entrou aqui? pergunto incrédulo.
— A pergunta certa não é como, mas para quê. Dom Afonso, quão forte é a tua fé? inquire, aproximando-se.
— A minha fé é forte e sempre será replico, a mesma frase que repeti vezes sem conta.
— O que dizes não é totalmente verdade. E digo-te mais, se a tua fé for forte, vencerás a batalha e serás rei. Se a tua fé vacilar por um momento, a derrota e morte esperam-te aqui.
— Como assim?
— Hoc Signo Vinces diz-me, mostrando-me as palmas das mãos, as quais ostentam uma enorme cicatriz cada.
E desvaneceu-se no ar.

***


Assim que o escudeiro acabou de me prender a armadura, abandonei a tenda, encontrando os capitães à entrada. Tinham um ar cansado. Não devem ter conseguido dormir. Eu passei a noite em oração, ainda sem saber se Jesus realmente me visitou.
A escuridão ainda era quase completa. Os soldados atarefavam-se nos preparativos para a batalha. Sons distantes indicavam que o inimigo fazia o mesmo. Desde cavaleiros em armadura completa a lanceiros, todos receavam o combate.
— Durante a noite orei comuniquei-lhes, elevando a voz para que os soldados comuns o ouvissem também. E Jesus Cristo apareceu-me, mostrou-me as suas chagas e disse-me Hoc Signo Vinces, com este símbolo vencerás. Os infiéis não nos poderão vencer enquanto a nossa fé for forte.
Várias cabeças se voltaram. Espero que a fé deles seja tão forte como a minha.
— Preparem-se, é o nosso dever derrotar os infiéis! comando, aproximando-me dos capitães.
Faço-lhes sinal para se aproximarem.
— O grosso do exército deve formar uma coluna única, excepto a cavalaria pesada que irá ficar na retaguarda e fora de vista. A cavalaria ligeira deve atacar o inimigo com armas de arremesso para o forçar a atacar, mas deve recuar assim que ele avance explico, colocando o elmo.
Afasto-me em direcção à minha guarda de honra, os mais valorosos cavaleiros do Condado. A luminosidade aumentava, revelando os cinco campos do inimigo. Cinco exércitos contra um. Em coluna única, posicionamo-nos na encosta, o Sol irá nascer nas nossas costas. Os batalhões inimigos formam-se à pressa, não estavam preparados para que tomássemos a iniciativa nem que lhes déssemos batalha tão cedo. A cavalaria não perde tempo, atirando lanças e flechas contra as fileiras sarracenas. O efeito em termos de baixas era reduzido. Olho para os soldados mais próximos. Parecem estar mais confiantes que eu.
Ainda sem estar completamente organizado, os mouros avançam pela colina acima. Dois dos exércitos inimigos ainda não se movimentaram. Estão descoordenados. A cavalaria continua a atacar a infantaria almorávida. Os cavaleiros adversários juntam-se à investida. Preparamo-nos para o embate.
O choque de metais é terrível. Deito um olhar furtivo à minha volta. As fileiras ameaçam ceder em vários pontos. A minha guarda protege-me do pior. Assim que termina o ataque, ordeno que o estandarte com a cruz de Cristo seja erguido. O campo está adornado de corpos, tanto de cavalos como de soldados. Não consigo saber se levamos vantagem ou não, mas sei que não resistimos a outra investida semelhante.
O encontro de infantarias está prestes acontecer. Trocam-se flechas e lanças. Quando as espadas se encontram com os escudos e as lanças com as armaduras, noto que a cavalaria está prestes a executar a manobra que eu lhe ordenei.
— Pater noster, qui es in cælis... oro, apertando apega do escudo.
Duas fileiras ordenadas, uma de cada lado, com as lanças em riste, preparando-se para a carga. Duzentos cavaleiros, cem de cada lado.
Sanctificétur nomen tuum; advéniat regnum tuum; fiat volúntas tua sicut in cælo, et in terra...
E num instante não são duzentos soldados. São muitos mais. Cada um torna-se em dois. E o efeito repete-se. A linha fica com uns vinte cavaleiros de espessura. Tenho a certeza que são mais de mil! Parece que multiplicaram-se por dez.
Nesse momento, o inimigo rompe o contacto e tenta recuar. Vejo o pânico nos seus olhares. A matança começa. A cavalaria persegue os mouros pela encosta abaixo, causando inúmeras baixas. Os restantes exércitos, desistem de se juntar à batalha e iniciam a retirada.
— É um milagre! comenta um dos meus guardas.
— A fé salvou-nos!
Não tarda que se juntem todos em meu redor.
— É um sinal dos céus conclui um dos capitães mais religiosos.
— Um sinal de que não estamos perante um príncipe, mas de um rei anuncia Dom Gualdim Pais.
— A vontade divina assim o ditou disse o velho, que entretanto aparecera entre os soldados.
E assim me aclamaram como rei, ainda no campo de batalha.

domingo, 2 de agosto de 2015

Chá de Domingo #45: Balanço do Camp Nanowrimo - Julho de 2015

E aqui fica o balanço do último Camp Nanowrimo.


Este foi o primeiro Camp Nanowrimo em que consegui cumprir o objectivo estabelecido. Já tinha tentado 3 vezes (Abril de 2013, Julho de 2013 e Abril de 2015), sem nunca conseguir ficar sequer perto do objectivo final. Podem encontrar todas as publicações referentes a este desafio com a etiqueta Julho de 2015.

Se bem se lembram das minhas expectativas antes do evento começar, que podem encontrar aqui, eu impus uma meta de 1100 palavras diárias. Acabei por conseguir 1210! Das 34100 de total a que me propunha, atingi as 37528 palavras.

O meu grande objectivo era terminar O Canto do Rouxinol, o que consegui no dia 12. Podem relembrar o momento aqui. Era um projecto que já estava pendente há mais de três anos. Queria também avançar O Jarro de Porcelana, o que consegui, deixando o livro a meio. Desenvolvi bastante a história e creio que a conseguirei terminar sem problemas no próximo desafio. Além disso, escrevi um conto e terminei quase outro.

Foi também durante o Camp Nanowrimo que o meu blogue atingiu as 50000 visitas! Podem recordar o momento aqui.

E agora? Depois de um Nanowrimo, é necessário apostar na revisão e é isso que irei fazer nos próximos tempos. Irei-me focar na Menina dos Doces, sobre o qual espero poder dar mais novidades em breve. Obrigado a todos os que me encorajaram a continuar, em especial à minha esposa que não me deixou desistir.

Algumas estatísticas do desafio:

Dia com mais palavras: 3207 (dia 30)
Dia com menos palavras: 14 (dia 8)
Maior Atraso: 2953 (dia 8)
Menor Atraso: 127 (dia 1)
Maior Adiantamento: 3918 (dia 30)
Menor Adiantamento: 233 (dia 2)
Número de projectos desenvolvidos: 4
Número de projectos concluídos com sucesso: 2