quarta-feira, 29 de junho de 2016

Livros: Going Postal

Cada livro de Terry Pratchett é uma surpresa.


Autor: Terry Pratchett
Sinopse: Terry Pratchett puts his stamp on the new Discworld novel. 
Moist von Lipwig was a con artist and a fraud and a man faced with a life choice: be hanged, or put Ankh-Morpork’s ailing postal service back on its feet. It was a tough decision. But he’s got to see that the mail gets through, come rain, hail, sleet, dogs, the Post Office Workers Friendly and Benevolent Society, the evil chairman of the Grand Trunk Semaphore Company, and a midnight killer. Getting a date with Adora Bell Dearheart would be nice, too. Maybe it’ll take a criminal to succeed where honest men have failed, or maybe it’s a death sentence either way. Or perhaps there’s a shot at redemption in the mad world of the mail, waiting for a man who’s prepared to push the envelope...



A escolha da personagem principal é simplesmente genial. O sarilho espreita a cada esquina e vai ficando cada vez mais complicado. As personagens secundárias provam a generalidade do autor, proporcionando situações hilariantes. A história prende-nos desde o início, através das curvas e contra-curvas do enredo até ao final que nos deixa satisfeitos. algumas coisas são previsíveis, o que não é um problema, tendo em conta o público alvo. Tanto as descrições como o estilo de escrita são bastante adequados, não distraindo o leitor do que realmente importa: a história. O humor é muito inteligente e está cheio de referências, o que o torna a obra ainda mais interessante e com potencial de ser lida várias vezes. Estamos perante um trabalho de mestre.
Recomendo a todos os fãs de Terry Pratchett e quem gosta de livros com humor inteligente.

Classificação: 5 estrelas

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Livros: Jesusalém

Quem lê Mia Couto tem uma experiência inesquecível.


Autor: Mia Couto
Sinopse: Jesusalém é seguramente a mais madura e mais conseguida obra de um escritor em plena posse das suas capacidades criativas. Aliando uma narrativa a um tempo complexa e aliciante ao seu estilo poético tão pessoal, Mia Couto confirma o lugar cimeiro de que goza nas literaturas de língua portuguesa. A vida é demasiado preciosa para ser esbanjada num mundo desencantado, diz um dos protagonistas deste romance. A prosa mágica do escritor moçambicano ajuda, certamente, a reencantar este nosso mundo.


Os livros de Mia Couto não devem ser lidos de modo literal, embora o possamos fazer. A miriade de significados escondidos faz com que uma segunda e terceira leituras tragam novas descobertas. A história é como uma parábola com várias lições escondidas. As personagens são inesquecíveis e são-nos mostradas com um detalhe e realismo que só uma pessoa real pode conter. Digo mesmo que me irei recordar das personagens mais tempo do que da trama. O desenvolvimento da narrativa é um pouco hermético, sendo necessário que nos adaptemos à escrita de Mia para conseguirmos compreender aquilo que está a acontecer. A meu ver esse é o maior obstáculo a quem não conhecer este escritor. Não tenho nada a apontar às descrições: estão lá, transmitem-nos a informação e não roubam o protagonismo. Em suma, um livro muito bom.
Recomendo vivamente a quem ainda não tiver descoberto este genial escritor lusófono.

Classificação: 5 estrelas

domingo, 26 de junho de 2016

Chá de Domingo #85: Aquecimento para o Camp Nanowrimo - Julho de 2016

Este Julho vou, mais uma vez, participar no Camp Nanowrimo.


Se aprendi alguma coisa com o Camp Nanowrimo anterior, foi que é necessário enfrentar este desafio com um plano. Por isso, desta vez já estou a finalizar o plano, incluido o que tenho de escrever em cada dia. Fica a faltar a pesquisa, mas creio que não tenha de fazer muita.

Como tenho objectivos bem claros, vou passar a enumera-los para que constem no registo:

- Terminar o Jarro de Porcelana. Faltam cerca de dez capítulos, num total de cerca de 11500 palavras (mais coisa menos coisa). Já ando com este projecto em mão há bastante tempo, é altura de terminar o primeiro rascunho e meter a marinar. Isto deve-me ocupar uns oito dias e deverá ser a minha tarefa prioritária.

- Rever As Nuvens de Hamburgo. Finalmente há alguém interessado neste manuscrito e por isso vou aproveitar a oportunidade para fazer uma revisão geral. Para além disso, vou acrescentar alguns capítulos e mudar um pouco a história, no sentido das críticas que tenho vindo a receber. O livro tem 23000 palavras, mas irá crescer. Espero que isto me demore cerca de 16 dias.

- Escrever contos. Os restantes 7 dias, quero-os usar para escrever alguns contos. Um deles é para participar num concurso e os restantes são para o Fantasy and Co, num esforço de desenvolver alguns dos meus universos literários. Tenho planos para 3 e espero que me surjam ideias para outros 3.

A meta que defini foram as 45000 palavras, o que dá um pouco menos de 1500 palavras por dia (o mês tem 31 dias). Talvez seja uma meta demasiado ambiciosa, mas necessito de algo que puxe por mim. Para além disso, não acho que seja um desafio decente menos que 40000 palavras. Decidi juntar-me a uma cabina aleatória, não sei bem porquê, esperando que algo de bom saia dai.

Fica aqui a ligação para o meu perfil no Camp Nanowrimo.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Ebooks: Nas Margens do Rio




Autor: Pedro Pereira
Sinopse: Para Kazue, aquele era um dia como tantos outros. A menina brincava com o seu gato nas margens do rio enquanto o pai e os irmãos pescavam. Mal ela podia imaginar, que um grupo de seres antigos estava prestes a voltar ao rio, reivindicando aquele local como seu, colocando toda a aldeia em risco.


Creio que o maior defeito é mesmo a falta de ligação à personagem principal. Apesar de as descrições estarem bem conseguidas e evocarem imagens cinematográficas, houve algumas que ficaram a faltar e que ajudariam a dar envolvência à história. Mesmo mantendo a tensão, as sequências não foram aproveitadas da melhor maneira. Uma revisão cuidada e uma maior atenção à época teriam tornado este conto em algo muito bom. Em suma, a ideia está boa mas ficou um pouco aquém do potencial.
Recomendo a quem queria conhecer um pouco mais do trabalho deste autor.

Classificação: 3 estrelas

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Livros: Balada da Praia dos Cães

Recomendaram-me este clássico da literatura policial portuguesa.


Autor: José Cardoso Pires
Sinopse: O romance foi escrito no período pós-revolução de 25 de Abril de 1974. A acção situa-se no princípio dos anos 60, e retrata alguns aspectos da sociedade portuguesa em plena época da ditadura salazarista. Relata a investigação dum assassínio; e a história começa com o relatório da descoberta de um cadáver enterrado na Praia do Mastro em 3 de Abril de 1960. Mais tarde, a polícia descobre tratar-se do major Luís Dantas Castro, um militar preso por tentativa de rebelião contra o regime vigente e que escapara da prisão.


O protagonista é muito realista, creio que a meio do livro haverá quem se irá queixar que é demasiado realista. As restantes personagens também estão bem desenvolvidas, contendo uma profundidade emocional bastante interessante, algumas assentando mesmo no paradigma da cebola: há camadas que é preciso retirar para se chegar à essência. As descrições estão bem conseguidas e conseguem fazer-nos ver Lisboa como era nos anos 60. A trama desenvolve-se ao seu ritmo, sem grandes safanões, mas mantendo o leitor interessado em todos os desenvolvimentos: o Diabo está nos detalhes! No entanto, é o estilo que impede que haja uma cereja no topo do bolo: o autor explora a narrativa de um modo que aparenta desorganização, dando a impressão que estamos a ler um rascunha da obra ao invés da obra final. A mistura de relatórios policiais com a narração em muito contribui para essa impressão: para algumas pessoas, poderá ser confuso. Em resumo, é uma obra genial que embora padeça de um estilo menos apelativo, está excelente em todos os outros aspectos.
Recomendo vivamente a quem gostar de policiais!

Classificação: 4 estrelas

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Ebooks: No Carnaval Ninguém Leva a Mal

Podemos estar em pleno Verão, mas o Carnaval é quando quisermos.


Autora: Carina Portugal
Sinopse: Risos, gargalhadas, festa… o Carnaval chegou, mas não para o Sr. Jacinto, o coveiro da cidade. Para seu azar, foi encarregado de deter uma assassina em série, que é também sua prima. E, como se não chegasse, tem somente a ajuda da sua pá de aço e de uma bruxinha que não é nada de confiança.


Eu decidi avaliar esta história como se fosse infanto-juvenil. O início é um pouco morto, mas assim que o conto pega, prende o leitor. O final é um pouco previsível, mas tendo em conta o possível publico alvo, não é nada de negativo. É fácil criar empatia com a personagem principal e com o coveiro. As descrições estão bem conseguidas, embora seja difícil seguir o que acontece em certas alturas.
Recomendo aos mais novos e aos mais velhos que ainda tenha um espírito jovem.

Classificação: 4 estrelas

domingo, 19 de junho de 2016

Chá de Domingo #84: O Que é o Cyberpunk? - Parte 2/3

Podem ler a primeira parte deste artigo aqui.

Uma versão em desenvolvimento de um cyberpunk do jogo Cyberpunk 2077

Na primeira parte do artigo falamos sobre a génese. Na segunda iremos abordar a definição e a essência do movimento cyberpunk.

Em Busca de uma Definição
Podemos obter uma definição básica dissecando a palavra: cyber refere-se à tecnologia, muitas vezes associada ao cyberespaço (termo criado por William Gibson) e aos implantes cybernéticos. Contudo, isto também se pode referir a outras tecnologias: por exemplo biotecnologia e nanotecnologia. Por outro lado, punk refere-se às pessoas e à atitude cyberpunk. Os protagonistas tendem a ser anti-heróis, rejeitados, exilados, criminosos, visionários, dissidentes e desajustados. Um aspecto subjacente que se aplica a todos estes grupos é a sua natureza subversiva.
Subverter é derrubar ou sabotar algo. O próprio género subverteu a ficção científica sem sequer olhar para trás. Para se ser punk é necessário questionar a autoridade e subverter toda e qualquer autoridade com a qual não se concorde. Pessoas diferentes fazem-no de maneiras diferentes, tal como os protagonistas das histórias cyberpunk. Um exemplo é Motoro Kusanagi do Ghost in the Shell. Aparenta ser uma agente do governo japonês. No entanto, ser um instrumento não é o que a define, nem como ela se define a si mesma. Na história, ela não tem medo de se esquivar à lei e resolver as coisas com as suas próprias mãos se isso estiver de acordo com o que considera estar certo: tramar os politicos. Ela é um elemento subversivo dentro do próprio governo.

A Essência do Cyberpunk
Existem algumas citações que ajudam a ilustrar a essência do cyberpunk.

A cidade de Hengsha, fisicamente dividida, de Deus Ex: Human Revolution

"O futuro já chegou - só não está distribuído de foram equalitária."
- William Gibson

Esta citação traz o foco do cyberpunk para a dicotomia high tech, low life. Existe a alta tecnologia, contudo, essa tecnologia não conseguiu desfazer as divisões sociais deixando uma disparidade entre classes, a qual provoca uma luta social. Para além disso, apesar da tecnologia existir, as classes mais baixas não possuem recursos para poderem beneficiar dela, provocando um alargar do fosso com a elite a ficar mais rica e a ter acesso a mais tecnologia.

"Tudo o que puder ser feito a um rato, pode ser feito a uma pessoa."
-Bruce Sterling 

Este é um conceito importante. Fazemos coisas horríveis a ratos em nome do progresso e somos quase totalmente insensíveis quanto a isso. Muitas tramas de cyberpunk giram à volta do efeito de alguma droga ou alguma adulteração do cérebro, que ja foi feita a ratos. É só uma questão de tempo até começarmos a interferir connosco da mesma maneira. Os ratos são só o exemplo.

"A rua encontra o seu próprio uso para as coisas."
- William Gibson

Isto explicita o aspecto baixo/punk e coloca-o no contexto dos movimentos de fonte aberta (open source) e faça você mesmo (DIY). A taxa de desenvolvimento é tão elevada que criamos uma data de coisas que se tornam quase de imediato obsoletas. Essas coisas perdem o seu valor e acabam por ser abandonadas, no entanto, este desperdício pode ser reutilizado de maneiras que os seus criadores nunca imaginaram. Por exemplo, usar um leitor de DVD para testar o VIH.

Podem ler a terceira parte do artigo nesta ligação.

Artigo traduzido a partir daqui.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Ebooks: Eu Sou a Ana

Um conto inspirado na realidade portuguesa.


Autora: Inês Montenegro
Sinopse: Presa na sua doença, Ana murmura à neta a ofensa que lhe marcou a vida: encontrando a morte ao beber os ideais que há muito saíram de prazo.


Apesar de não ter uma personagem principal bem definida desde o início e de custar a que nos inteiremos com a história, a trama acaba por compensar o leitor mais persistente. As descrições não se fazem notar, o que não é necessariamente negativo. A ideia do conto é que acaba por ser o mais importante e o que recompensa o leitor. Em suma, é um conto interessante e uma boa leitura.
Recomendo a quem quiser conhecer um pouco mais o trabalho desta jovem escritora.

Classificação: 4 estrelas

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Ebooks: O Fugitivo

Não é todos os dias que a personagem principal é um extraterrestre.


Autor: Pedro Pereira
Sinopse: Perseguido pelo Império e com a nave danificada, o espião rebelde vê-se obrigado a fazer uma aterragem de emergência num planeta desconhecido. Mal ele imagina a destruição que iria trazer aos primitivos habitantes daquele mundo...


O facto da personagem principal ser um extraterrestre acrescenta um factor de interessa ao conto.  Contudo, faltou ao autor criar empatia com a personagem, que é apenas uma carapaça vazia que foge.  A trama não dá descanso, impondo um ritmo vertiginoso, o que mantém o leitor agarrado até ao final. As descrições da cidade poderiam ser melhoradas, é impossível sabem em que época estamos. Também seria um ponto positivo acrescentar um pouco mais de contextualização aos acontecimentos. Em suma, é um conto fácil de ler, embora fiquemos a desejar por mais.
Recomendo a que quiser conhecer um pouco mais da obra deste jovem escritor.

Classificação: 3 estrelas

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Ebooks: Protetização Total

Como lidariam com uma prótese total?


Autor: Ricardo Dias
Sinopse: Um indivíduo, vítima de um acidente, sofre uma protetização extensiva para sobreviver. Mas a adaptação não é nada fácil. Irá ele conseguir adaptar-se à sua nova realidade?


Por estar escrito na forma de diário e sem grandes descrições da personagem principal, torna um pouco mais difícil criarmos uma ligação com o protagonista. Há uma progressão que faz querer continuar a ler para saber mais. Só para o final é que começamos a compreender o conflito da personagem. Apesar disso, é uma leitura agradável e que, apesar de pegar num tema já muito batido, não se torna aborrecido.
Recomendo a todos os que gostam de um bom conto de ficção científica.

Classificação: 3 estrelas

domingo, 12 de junho de 2016

Chá de Domingo #83: O Que é o Cyberpunk? - Parte 1/3

A definição de cyberpunk não é fácil. Cyberpunk é simultaneamente um género e uma cultura. Resumindo-se a alta tecnologia, baixa vida (high tech, low life).

Uma cidade à noite, alta-tecnologia, um detective durão e uma mulher fatal

Cyberpunk é um sub-género da ficção científica, que se caracteriza por uma alta tecnologia e ciência num ambiente urbano, futurista e distópico. De um lado há as mega corporações e as empresas de segurança privadas e do outro o submundo do mercado negro, gangues, drogas e vícios. Entre as duas há política, corrupção e desordem social.

É também uma cultura com atitude e estilo próprios: anti-autoritária, contra as marcas e apaixonada por tecnologia.

A Origem

Começou por ser um movimento literário, mas acabou por se tornar numa subcultura. O que é o Cyberpunk? é uma questão complexa e com múltiplas camadas, cuja resposta vai mudando com a nossa percepção do futuro. Apesar de ter começado nas palavras, os tentáculos do cyberpunk já se infiltraram em várias formas de arte, na moda e filosofia, tornando-se numa subcultura sólida.

Existem várias maneiras de analisar a génese do cyberpunk. O termo teve origem na história com o mesmo nome de Bruce Bethe, em 1980. De seguida, surgiram vários pioneiros que delinearam as bases do género William Gibson (considerado o pai do cyberpunk), Bruce Sterling, Pat Cadigan, Rudy Rucker, John Shirley e Lewis Shiner. Para além disso, houve várias obras percursoras do género pelas temáticas e pela estética: The Demolished Man em 1953 e The Stars My Destination em 1956, ambos por Alfred Bester; Do Androids Dream of Electric Sheep? em 1968 escrito por Philip K. Dick; Dr. Adder em 1984 (embora tenha sido escrito em 1972) por K. W. Jeter; Gravity's Rainbow em 1974 por Thomas Pynchon; The Shockwave Raider em 1975 por John Brunner e. True Names em 1981 por Vernor Vinge. Mais recentemente, o autor Neal Stephenson com o seu livro Snow Crash em 1992, inaugurou a era pós-cyberpunk.


Blade Runer and Neuromancer foram os criadores do movimento. Blade Runner é o paradigma visual de todo o cyberpunk, do mesmo modo que o Neuromancer influencia toda a literatura. Cyberpunk nunca foi apenas um género literário.

“Tinha medo de ir ver o Blade Runer ao cinema porque receava que o filme fosse melhor do que eu próprio consegui imaginar. De certo modo estava correcto, porque até os primeiros minutos eram melhores.
- Philip K. Dick

“Encontrei-me com Ridley Scott alguns anos mais tarde, talvez uma década ou mais depois da estreia de Blade Runer. Disse-lhe as ideias base do Neuromancer, e o Blade Runner tinha basicamente a mesma lista de ingredientes.

Podem ler a segunda parte deste artigo aqui.

Artigo traduzido a partir daqui.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Ebooks: Não Lhe Veste a Pele

Esta história despertou-me a curiosidade para as "Crónicas Obscuras - A Vingança do Lobo".


Autor: Vitor Frazão
Sinopse: Antes de “Crónicas Obscuras – A Vingança do Lobo”, Lance “Meia-Raça” teve um vislumbre de felicidade…


Apesar deste conto pertencer a algo maior, o autor dá informação suficiente para que o leitor consiga acompanhar a história. As descrições estão bem conseguidas. A trama vai evoluindo, apesar do final não nos dizer muito: parece que fica tudo na mesma para a personagem principal. Creio que para quem já conhece a personagem, esta história consegue encaixar em algo maior, para quem não conhece, acaba por ser um fragmento.
Recomendo a quem já conheça as "Crónicas Obscuras - A Vingança do Lobo".

Classificação: 2 estrelas

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Ebooks: O Ídolo

Já há bastante tempo que não lia uma história de templários.


Autor: Pedro Pereira
Sinopse: Gérard von Esbeke, um cavaleiro templário, recebeu uma missão especial do Papa Clemente V: revelar qual o segredo negro que a Ordem do Templo ocultava da Igreja e da maioria dos seus membros.


A trama tem um bom ritmo, que vai progredindo até ao final, num crescendo de tensão. O segundo parágrafo está um pouco confuso, pois faz alguns saltos temporais no interior. O tema é interessante e está bem explorado. Gostaria de ter visto a personagem principal mais desenvolvida. As descrições estão bem executadas. 
Recomendo a quem gostar de templários e fantasia medieval.

Classificação: 3 estrelas

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Ebooks: Os Historiadores

Já há algum tempo que não lia uma boa história de viagens no tempo.


Autor: Ricardo Dias
Sinopse: Uma equipa de historiadores prepara-se para documentar um evento fulcral. Para tal, precisam de recuar dois mil e quinhentos anos no tempo numa nave equipada para o efeito. Mas nem todos estão de acordo com o objectivo da missão...


O início está bom, mas podia ter um pouco mais de tensão. A maior falha do conto foi não ligar o final ao início. A trama agarra-se ao leitor e não o deixa até ao final, que não desaponta. Para algumas pessoas, poderá ser previsível, embora não seja um caso problemático. As personagens estão bem conseguidas, embora não seja evidente quem é a personagem principal praticamente até ao final do conto. As descrições estão bem conseguidas, em especial a parte tecnológica.
Recomendo a quem gostar de viagens no tempo e/ou da produção literária nacional.

Classificação: 4 estrelas

domingo, 5 de junho de 2016

Chá de Domingo #82: Construção de Mundos - Parte 4/4

Como construir um mundo ficcional que seja coerente e interessante? Foi o que eu procurei ensinar nestes três artigos (parte 1, parte 2 e parte3).


Estabelecer as Regras
A construção de mundos implica a criação de regras. Mais concretamente, porque é que e como é que certa coisa funciona. Porque é que certas magias são proibidas? Quem fez as pirâmides gigantes? (É óbvio que foram os extraterrestres) O que é que acontece se meteres um colher de prata no caldeirão de uma bruxa numa Quinta-feira à tarde? As regras são necessárias para ajudar os leitores a compreender o mundo criado e como é que os acontecimentos da história o irão afectar. Mas, como nos detalhes do mundo, a enumeração das regras pode criar um bloco de texto que fará vacilar o mais motivados dos leitores. A menos que sejam as regras Figth Club! Não precisam de enunciar as regras, basta que dêem pistas para que os leitores cheguem lá.

Pesquisa?
Preciso de pesquisar para construir o meu mundo ficcional? Sim! Política, comércio, religião, literatura, arte, guerra, etc. Saber como esta coisas funcionam no mundo real, fará com que consigam idealizá-las no vosso mundo fictício.

Conflito?
Sempre! Até o próprio mundo deve estar à beira de um conflito, como o nosso mundo real: seja guerra, fome, injustiça, racismo, etc. Torna o vosso mundo mais interessante e vivo. Por fim, é bom para a história e podem até conjugar com os conflitos das vossas personagens.

Tudo afecta tudo
Há que ter cuidado com a complexidade inerente à construção de mundos. Tudo depende de tudo! As consequências pode não óbvias à primeira vista, mas podem criar resultados interessantes. Por exemplo, pensem no impacto de uma tecnologia no mundo: prensa, electricidade, Internet, viagens pelo hiperespaço. Outro exemplo é a escassez de um recurso crítico: comida, água, óleo, café, deutério, etc. Pequenas alterações no sistema económico podem causar o caos. Uma nova técnica industrial pode destruir o ambiente ou resolver o problema. Tudo tem impacto em tudo, o que torna a construção de mundos interessante e ao mesmo tempo complexa.

Nas entrelinhas
As personagens dizem muito nas entrelinhas. O mundo deve fazer o mesmo. Algumas coisas ficam melhores se ficarem implícita ao invés de explícitas.

Preservar o Mistério é Fundamental
Um universo totalmente revelado é um universo aborrecido. Mistério em conjunto com o conflito, são essenciais para manter os leitores presos. Deixa muitas perguntas por responder e vai respondendo-as ao longo do livro. Preserva a incerteza no mundo que criaste e nunca puxes a cortina toda de uma vez. Deixa o leitor preso e expectante em relação à próxima revelação.

Criação de Mundos e Narração
Uma boa criação de mundo não significa uma boa narração. Se compararmos o Episódio 1 de Star Wars com o Episódio 4, notamos que o worlbuilding está mais desenvolvido e robusto no 1, no entanto, isso não faz com que a narrativa seja mais apelativa, antes pelo contrário: parece que rouba parte do poder da história.

Construir Mundos que Fascinem
Em primeiro lugar, o mundo construído tem de te fascinar. Tem de te prender o interesse! Se não gostas dele, por mais esforço que faças, toda a construção irá parecer morta. Entusiasma-te com a criação do mundo. Grita: Faça-se luz! Observa os teus maiores sonhos e medos tomarem forma numa explosão de cores, sons e cheiros! É garantido que irás construir um mundo que irá fascinar e prender também o leitor.


Este artigo foi inspirado e baseado neste.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Ebooks: O Industrioso SL4V3

Este conto tem um certo sentido de humor negro que gostei bastante.


Autor: Ricardo Dias
Sinopse: Num planeta desconhecido, um robot de manutenção zela pela nave que o levou lá enquanto aguarda dedicadamente o regresso dos seus mestres humanos. Só que a fauna local não lhe tenciona facilitar a tarefa...


Esta história tem uma personagem principal nada comum, com bastante personalidade. Toda a trama à volta de uma certa coisa, acabando por dar uma reviravolta completa no final. Gostei especialmente disso, o conto mantém a tensão e fecha com um final nada previsível. As descrições estão bem conseguidas, cumprindo a sua função. É uma leitura fácil e agradável.
Recomendo a quem goste de um bom conto de ficção científica.

Classificação: 3 estrelas

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Ebooks: Livre

Pelo título, esperava um conto totalmente diferente.


Autor: Pedro Cipriano
Sinopse: Presa durante milénios, Leviatã vê-se agora novamente em liberdade num mundo estranho e desconhecido. Porém, as suas lealdades permanecem, e o seu único desejo é reunir-se com o seu amo, Lúcifer, o Senhor das Trevas.


Mais uma vez, estou autor nos mostrou um pedaço do universo que criou. A personagem principal é interessante. As informações dadas no texto são suficientes para nos situarmos na história. As descrições são adequadas. O único problema do conto está na trama: falta-lhe tensão. A personagem principal não enfrente dificuldades nem decisões difíceis, o que poderá afastar o leitor menos persistente.
Recomendo a quem queria saber um pouco mais sobre este universo literário.

Classificação: 3 estrelas