quarta-feira, 19 de setembro de 2012

As certezas de Heisenberg

Werner pousou a caneta e atirou com a folha de papel para o cesto. Havia algo de errado com aquele calculo de probabilidade. O resultado era demasiado baixo e tinha a sensação que lhe faltava algo.
Olhou pela janela. Tudo estava calmo. Decorria uma guerra e ninguém parecia dar de conta. A vida prosseguia o seu rumo.
A Wehrmacht desfilara pelas ruas de Paris há apenas uma semana. Outra vitória rápida e decisiva devida à Blitzkrieg. O mundo nunca mais seria o mesmo.
Naquele momento, o futuro decidia-se numa folha de papel. Recomeçou novamente, fez assumpções e aproximações diferentes, contudo tudo parecia dar no mesmo. Cada vez mais furioso, atirou a folha para o lixo e, de seguida pontapeou o balde. O conteúdo espalhou-se pela sala. Inúmeras horas de trabalho haviam sido desperdiçadas, num problema que aparentemente não tinha solução.
Abandonou a sala e dirigiu-se à casa de banho. Ao entrar e ver a sua imagem reflectida no espelho, teve uma ideia. Correu de volta à sala e repetiu os cálculos, assumindo um material reflector envolvendo o material. Concentrado, repetiu todos os cálculos. O resultado era muito mais animador, tão bom que decidiu repetir as contas para ter a certeza.
Os dois resultados coincidiam. O número era muito baixo. Dez quilogramas. Só eram necessários dez quilogramas.
- Come esta Oppenheimer! Desta vez levei a melhor! - exclamou triunfante.
Tinha na mão o resultado cientifico mais cobiçado do planeta. Não sabia o que fazer com ele. Não tinha dúvidas do uso que seria feito dele e também sabia que outros poderiam chegar às mesmas conclusões.
Eram nós ou eles. Uma pergunta com uma resposta muito fácil. Pegou uma folha em branco e começou a redigir uma carta.
O que Heisenberg escreveu ao Führer ficou para a história. Todos os recursos foram alocados àquele projecto. O ataque às ilhas britânicas foi contido por um ano e bastou apenas um bombardeamento como a nova bomba para Churchill assinar a rendição. Uma semana depois foi a vez de Estaline fazer o mesmo. O resto da Europa nem ousou oferecer resistência, sendo as principais capitais ocupadas numa questão de dias.
O Estados Unidos da América não aceitaram a derrota e tentaram impor uma guerra de desgaste em duas frentes e com a rendição da China ficaram totalmente sozinhos. Entretanto, o Reich havia desenvolvido um projéctil de longo alcance que podia ser lançado a partir de um submarino. Bastaram apenas dois para causar o mesmo pânico que na Europa e quebrar a resistência do inimigo.
O futuro da humanidade decidira-se numa simples folha de papel.


Este conto foi escrito como trabalho de um grupo de escrita.

Nenhum comentário:

Postar um comentário