O sentimento de nervosismo era mais antigo que isso, vinha desde o momento em que decidira ir lá da última vez. Quisera ir sozinho. Quem mais o poderia acompanhar? Em algumas coisas, era melhor estar-se sozinho, e a noite numa discoteca chamada Orgulho era uma delas.
A vida era feita de escolhas e ele fizera a sua. Talvez não tivesse sido o melhor sitio onde começar, nem a sua escolha a mais acertada. Quem poderia saber?
Sem saber como agir, furou pelo meio da multidão que dançava freneticamente. Dirigiu-se ao balcão e pediu uma bebida. Qualquer bebida servia. Engoliu-a num trago e esperou que o líquido operasse a sua magia. Não tardou que bebesse uma segunda.
Num momento alguém se aproximou dele. Ele deixou. Precisava de sentir o toque. Precisava de algo que nunca tinha recebido. Precisava naquele momento.
Foram um tanto confusas as palavras trocadas. Saíram da discoteca juntos. O carro arrancou logo de seguida, conduzido a um apartamento. Foi levado a uma cama, as roupas voaram e, pela primeira vez, ele conseguiu aceitar-se tal como era.
Partilharam o prazer carnal como se o fim do mundo estivesse para chegar. Experimentaram até à exaustão.
No fim, ficaram deitados a olhar um para o outro. Fábio viu que dificilmente algum dia amaria aquela face barbeada e uns bons dez anos mais velha. Mesmo assim, dera-lhe algo que nunca tivera. De manhã seria outro dia e eles iriam separa-se como se nunca se tivessem conhecido.
Este conto foi escrito como desafio semana de um grupo de escrita.
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