A primeira parte está aqui: http://pedro-cipriano.blogspot.de/2012/08/o-dia-em-que-choveu-fogo-primeira-parte.html
A terceira parte pode ser encontrada em: http://pedro-cipriano.blogspot.de/2012/08/o-dia-em-que-choveu-fogo-parte-35.html
Virou-se para o outro lado e tentou adormecer. Estava cansado, contudo, os nervos não o deixaram pregar olho durante longos minutos. Quando cedeu à fadiga, de lágrimas nos olhos, caiu num sono agitado.
A terceira parte pode ser encontrada em: http://pedro-cipriano.blogspot.de/2012/08/o-dia-em-que-choveu-fogo-parte-35.html
Virou-se para o outro lado e tentou adormecer. Estava cansado, contudo, os nervos não o deixaram pregar olho durante longos minutos. Quando cedeu à fadiga, de lágrimas nos olhos, caiu num sono agitado.
Não
sabendo ao certo se estava acordado ou a sonhar, viu o vulto do
brigão a inclinar-se sobre ele e percebeu que ele iria agredi-lo.
Tentou resistir, encolhendo-se ao sentir as mãos no seu pescoço.
Agarrou os pulsos de quem o tentava sufocar, enquanto esperneava. Os
braços do oponente pareciam feitos de aço e a pressão parecia a de
uma máquina. Sentia-se asfixiar lentamente e todas a suas tentativas
de se libertar tinham sido em vão. Então ouviu uma gargalhada
maquiavélica e percebeu que era o fim. Quando acordou, estava
coberto de suor.
A
primeira coisa em que reparou foi que tudo estava muito mais
silencioso. Aparentemente os combates haviam cessado e à excepção
de algumas brasas incandescentes, a fogueira tinha-se extinguido.
Todos dormiam tranquilamente.
Ao
olhar para o brigão que dormia tranquilamente a seu lado, sentiu uma
raiva enorme. Queria vingança, todavia não sabia como levá-la a
cabo. Podia aproveitar-se do sono para o agredir, mas isso só lhe
daria uma vantagem momentânea. Era inútil divagar sobre uma
retaliação imaginária, pensou. O melhor a fazer seria dormir
enquanto pudesse.
Ao
virar-se, sentiu um alto sólido e desconfortável. Com os dedos,
palpou o objecto, descobrindo que se trava de uma pedra.
Desenterrou-a e pegou nela, notando que pesava à vontade meio quilo.
De súbito, teve uma ideia. Podia servir-se de uma arma para ter
vantagem. Um par de pedradas bem dadas certamente que o colocariam
fora de combate. Precisava somente de uma pedra mais pesada, de modo
a neutralizar o rufia no primeiro golpe. Foi isso que procurou nos
momentos seguintes.
Assim
que teve nas mãos uma pedra com uma aresta perigosa e um peso
respeitável, olhou em volta. Todos estavam tranquilamente envolvidos
nos seus sonos. Era muito arriscado aquilo que queria fazer.
Provavelmente iria matá-lo e o seu maior receio era que alguém
acordasse e testemunhasse o acto. Na manhã seguinte, iriam descobrir
o corpo e ele seria inevitavelmente apanhado. Nesse momento,
apercebeu-se que já não planeava simplesmente uma vingança,
projectava um homicídio. Se pelo menos houvesse outra maneira de
resolver as coisas, reflectiu. Pousou a pedra. Ocorreu-lhe que podia
somente desertar. Era uma decisão de cobarde, mas também a mais
fácil.
As
opções eram simples, fugir ou enfrentar o problema. A escolha foi
tomada rapidamente. Iria enfrentar o problema, todavia iria fazê-lo
de outro modo. Só precisava de escolher um método eficaz.
Enquanto
matutava no problema, os seus dedos percorriam a terra recentemente
cavada. Por momentos, os seus pensamentos trilharam uns caminhos
enquanto os seus dedos vagueavam por outros. Quando os dedos se
depararam com a granada, os pensamentos convergiram com o tacto.
Tinha encontrado a solução que procurava. Podia eliminar o rufia e
fazer com que parecesse um acidente, era um plano perfeito.
Perscrutou
mais uma vez as redondezas, procurando por elementos acordados. Tudo
continuava calmo, talvez até estático demais.
Pegou
na granada pelo cabo e encostou-a ao ombro do soldado, que não
parecia ter-se apercebido de nada. Hesitou antes de puxar o cordão.
Não haveria maneira de voltar atrás depois de o fazer. Sentiu um
ligeiro tremor nas mãos, porventura derivado do nervoso miudinho que
se apoderara do seu ser. Estava a um passo de matar. Não sabia se
tinha direito de o fazer. A única certeza era de que, se não o
fizesse, arriscava-se a ter o mesmo destino que projectara para o
brigão.
A quinta e última parte pode ser encontrada em: http://pedro-cipriano.blogspot.de/2012/08/o-dia-em-que-choveu-fogo-parte-55.html
A quinta e última parte pode ser encontrada em: http://pedro-cipriano.blogspot.de/2012/08/o-dia-em-que-choveu-fogo-parte-55.html
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