O início está disponível em: http://pedro-cipriano.blogspot.de/2012/08/o-dia-em-que-choveu-fogo-primeira-parte.html
A segunda parte pode ser encontrada aqui: http://pedro-cipriano.blogspot.de/2012/08/o-dia-em-que-choveu-fogo-segunda-parte.html
A maioria dos soldados mostrou-se um pouco mais confiante ao ouvir aquelas palavras desajeitadas, pois apelava ao seu ódio pelo inimigo. A moral não se manteve por muito tempo, sendo totalmente arrasada com o chegar dos abastecimentos. Em termos de comida, eram muito reduzidos, dando apenas um bocado de pão a cada um. Se haviam ficado desapontados com a alimentação, as armas deixaram-nos completamente desesperados. Havia apenas uma dúzia de pistolas e outra de espingardas. Munições vinham em duas caixas minúsculas. Para além disso, havia somente duas caixas de granadas. Nem o tenente conseguiu disfarçar a irritação que sentia.
A segunda parte pode ser encontrada aqui: http://pedro-cipriano.blogspot.de/2012/08/o-dia-em-que-choveu-fogo-segunda-parte.html
A maioria dos soldados mostrou-se um pouco mais confiante ao ouvir aquelas palavras desajeitadas, pois apelava ao seu ódio pelo inimigo. A moral não se manteve por muito tempo, sendo totalmente arrasada com o chegar dos abastecimentos. Em termos de comida, eram muito reduzidos, dando apenas um bocado de pão a cada um. Se haviam ficado desapontados com a alimentação, as armas deixaram-nos completamente desesperados. Havia apenas uma dúzia de pistolas e outra de espingardas. Munições vinham em duas caixas minúsculas. Para além disso, havia somente duas caixas de granadas. Nem o tenente conseguiu disfarçar a irritação que sentia.
-
Não se preocupem, soldados. Deve ter havido algum engano. Eu irei
pedir mais armas, munições e comida. Vamos ver se consigo arranjar
uma ou duas peças de artilharia - prometeu apressadamente o jovem.
Quando
o comandante foi à procura do comissário, as conversas que se
seguiram provaram que ninguém havia acreditado na desculpa do
engano. Alexey ouviu de tudo um pouco, desde insultos a propostas de
fuga. Evitou participar, já que não queria arranjar mais sarilhos
do que aqueles em que estava metido.
O
pôr-do-sol revelou uma cidade em chamas. Os disparos de artilharia
nunca cessaram por completo. Corriam rumores de que os alemães
teriam já chegado ao rio, cercando a cidade e os seus defensores.
Não chegaram mais abastecimentos e muito poucos dos soldados que
tinham fugido durante o bombardeamento haviam regressado.
Parte
das trincheiras foi reaberta e preparada para a noite. Enterraram os
mortos num terreno adjacente e os feridos foram evacuados para a
cidade. Finalmente, recolheram aos seus buracos no lusco-fusco.
Cansado
e desmoralizado, escolheu um local para se deitar. Com um bocejo,
pousou a seu lado a granada que lhe tinham dado e enrolou-se no seu
cobertor, preparando-se para passar a noite. Ficara na extremidade da
vala partilhada pelo resto do seu grupo de combate. No centro do
buraco ardia uma fogueira que providenciava uma parca iluminação.
Não havia comido o pedaço de pão que lhe calhara durante a tarde,
pois receava não receber outro no dia seguinte.
Depois
de cair a escuridão, tentou dormir, mas não conseguiu. As imagens
dos aviões semeando a morte perturbavam-no fortemente. Não conhecia
nenhum dos que havia falecido, aliás, procurara em vão pelos corpos
dos três rufias. Não voltara a vê-los, por isso deduzira que
haviam fugido.
Ouviu
algo a seu lado. Um vulto acabara de entrar na trincheira. Quis dar o
alarme, todavia o grito ficou-lhe preso na garganta. Era o líder dos
rufias.
-
Não precisas de ter medo, eu não vim para te fazer mal – prometeu
com um tom e um sorriso que não inspiravam qualquer confiança.
Alexey
não lhe respondeu, já que os seus piores receios se haviam tornado
realidade.
-
Estou a ver que ficaste mais esperto. Agora vais partilhar o teu pão
comigo e ficamos todos amigos. Pode ser?
O
tom de ameaça não lhe escapou. Sentiu a fúria a crescer dentro de
si, estava farto de ser maltratado pelos brigões. Queria encontrar
uma solução definitiva para aquele problema, mas não lhe ocorreu
nada durante aquele momento que lhe foi dado para pensar. Queria
lutar, mas sabia não estar à altura de o enfrentar.
-
Então, miúdo? Ou me dás o teu pão ou vou ter que te partir os
dentes.
-
Já o comi... - mentiu Alexey, a tremer.
-
Tu a mim não me enganas! Dá-me o pão, já! - exigiu, agarrando-o
pelo colarinho.
-
'Tá bem! Eu já te dou.
Entre
o humilhado e o agitado, retirou o pão do bolso e estendeu-lho. Como
provocação, o outro rapaz decidiu comê-lo à sua frente. Alexey
usou todo o seu auto-controlo para não o atacar. O rufia
extorquiu-lhe também o cobertor e quis dormir ao seu lado, mesmo
junto à extremidade da vala.
A continuação está aqui: http://pedro-cipriano.blogspot.de/2012/08/o-dia-em-que-choveu-fogo-quarta-parte.html
A continuação está aqui: http://pedro-cipriano.blogspot.de/2012/08/o-dia-em-que-choveu-fogo-quarta-parte.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário