segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A solução


O desfiladeiro aproximou-se. A maquilhagem estava toda borratada. Lá ao fundo, num mar revoltado e tempestuoso, estava a solução para os seus problemas. Já não havia lágrimas na sua face. Sentia uma calma como há muito tempo não desfrutava. Deu mais um passo em frente, ficando à beira do abismo. Debruçou-se sobre o oceano e olhou-o com atenção. Uma chuva miudinha começou a cair.

Ela sabia que era possível uma pessoa morrer por amor. Era um bom dia para isso voltar a acontecer. Não compreendia como é que ele a trocara por ela. Fosse como fosse, tinha de resolver o problema e iria fazê-lo naquele momento. Só havia uma coisa a fazer. Doía-lhe o coração só de pensar nas pessoas que iriam sofrer com a decisão dela. Se ainda fosse outra pessoa, ainda poderia esquecer ou ignorar. Desde sempre haviam sido as melhores amigas. Suprimiu as lágrimas e afastou-se da borda.

Abriu a porta do carro que estava parado a uma dezena de metros. Debruçando-se sobre o corpo da amiga libertou o travão de mão. O carro começou a descer o pelo terreno inclinado. Ela ficou a vê-lo precipitar-se pelo desfiladeiro.


Este conto foi escrito como desafio de um grupo de escrita.

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