Blogue dedicado às minhas aventuras literárias. Novos artigos todas as segundas, quartas e sextas. Rubrica especial de domingo: Chá de Domingo.
sábado, 29 de setembro de 2012
Para pensar IV
Famílias ricas são pouco diferentes das famílias pobres. Ambas gostam de acumular coisas, se bem que no caso das primeiras, um castelo ou uma grande mansão pode ajudar imenso a guardar essa tralha valiosa. Bibliotecas de livros nunca lidos, decorações de metais preciosos e até mesmo o edifício é uma obra de arte. Se olharmos agora para o caso das famílias reais, o caso é bastante diferente, pois essas são mais do género de acumular castelos e mansões com o respectivo recheio.
Escrito no dia 1 de Setembro de 2012.
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
A morte de David
Tinha sido uma festa daquelas, como costumavam dizer entre eles, com muito álcool, rock, alguma erva e muita loucura. Quase todos os seus amigos, conhecidos e colegas tinham estado presentes, pois era a mais importante festa académica, conhecida por queima das fitas, ou simplesmente queima. A festa tinha terminado com o despontar do dia e a escuridão havia-se desvanecido lentamente enquanto ele voltava para casa.
Precisava de se deitar rapidamente, pois sabia que estava completamente bêbado. O seu estado era tal que tinha demorou uma eternidade para conseguir encontrar as chaves do apartamento e ainda mais para abrir a porta.
Enquanto caminhava em direcção ao seu quarto, um ligeiro desvio levou-o à cozinha. Tinha a garganta seca, um dos primeiros sinais de ressaca, e precisava dum copo de água com urgência.
A cozinha estava no seu estado normal, com a loiça por lavar e os caixotes do lixo a abarrotar, com dezenas de moscas da fruta a sobrevoá-los. A falta de tempo para as limpezas não era surpreendente para seis estudantes que se comprometia tanto a ir a todas as festas como a tentar passar nos exames de todas as cadeiras. Naturalmente que existiam excepções naquela casa mas, esses também não limpavam porque não o queriam fazer sozinhos.
David demorou cerca dum minuto a encontrar um copo menos sujo que os restantes. Encheu com água da torneira e sorveu o líquido avidamente.
Ouviu passos atrás de si. Voltou-se sobressaltado, constatando que era apenas um dos rapazes que vivia consigo. Não esperava vê-lo em casa àquelas horas.
― Bom dia! ― cumprimentou.
― Bom dia. ― devolveu-lhe o rapaz com uma expressão neutra.
Dirigiu-se ao frigorífico, ainda zonzo com o efeito da bebida. Estava extremamente esfomeado, pois não comia nada há horas. Abriu a porta do frigorífico, retirou o pacote do fiambre e fechou-a de seguida com a ajuda do cotovelo. Como estava embriagado, o gesto não lhe correra como previra e a porta do frigorífico ficara entreaberta. Praguejou enquanto atirava o fiambre para cima da mesa, voltou a abrir a porta do frigorífico, fechando-a de seguida com uma velocidade excessiva.
Pegou na metade de um bico do dia anterior para fazer uma sanduíche. Olhou-a durante alguns segundos, o seu cérebro parecia demorar um eternidade para chegar à conclusão de que precisava de uma faca para abrir o pão. Percorreu a divisão com o olhar de modo descortinar onde poderia encontrar uma, descobrindo-a na mão do seu colega de apartamento.
― Podes emprestar-me essa faca por um momento? ― pediu David, tentando soar simpático.
― Agora estou a usá-la, vê se encontras outra ― respondeu-lhe o jovem, aparentemente mal-humorado.
― 'Tá bem! ― concordou David, sem ligar importância.
Virou costas e dirigiu-se ao lava loiça, procurando por alguma faca que pudesse lavar.
No momento seguinte, sentiu uma dor lancinante nas costas. Algo o tinha atingido, penetrado a sua pele e embatendo na omoplata. Sentiu os músculos serem rasgados por um movimento descendente.
― Foda-se! O que é que foi isso? ― balbuciou David confuso e com dificuldade em articular as palavras.
O golpe não fora muito profundo, todavia o sangue começou a correr ao removerem o objecto que o cortara, manchado-lhe a camisa. As pernas fraquejaram, obrigando-o a apoiar-se no balcão frio da cozinha. Como resposta, outro golpe atingiu-o novamente nas costas, desta vez atingindo uma profundidade superior.
― Aaaaaa! ― gritou de dor.
Sentiu-se em pânico ao perceber que estava a ser esfaqueado e que se não reagisse, iriam matá-lo ali mesmo. Porém, o álcool presente no sangue fazia com que os seus reflexos ficassem mais lentos. Quando a faca foi removida das suas costas conseguiu finalmente reagir. Infelizmente, ao tentar virar-se, simplesmente colapsou no chão.
As pernas não respondiam, a visão estava desfocada e ele sentia-se zonzo. A perda de sangue começava a ter os seus efeitos. Olhou para o atacante e um só pensamento lhe ocorreu: fugir, pois ele desejava a sua morte. Com um esforço tremendo, começou a arrastar-se pelo chão da cozinha em direcção à porta.
Um par de passos e o vulto aproximou-se dele. Sentiu outra facada e mais dor dor. De seguida outra e, por fim, outra. Tomado pelo pânico, David esforçava-se para ignorar a dor latejante, lutando para não perder os sentidos.
― Porquê? ― sussurrou virando-se com dificuldade, usando as últimas forças.
Como resposta, sentiu outro corte, tão profundo que provavelmente lhe perfurara os pulmões. Estava fraco e não sabia quanto mais tempo se conseguiria manter consciente. Para seu horror, o agressor deixara a faca no seu peito. A visão ficou estranhamente clara e pode ver a expressão do assassino. Os olhares cruzaram-se durante um momento, antes que atacante se colocasse em fuga.
David continuou a arrastar-se, cada vez com mais esforço. Tinha esperança de conseguir encontrar ajuda. Tentou gritar, mas não conseguiu. Via-se forçado a respirar como se tivesse corrido uma maratona.
Sentiu que estava húmido e, para seu horror, descobriu que estava a deixar um rasto de sangue à sua passagem, o seu próprio sangue. Naquele instante, a consciência de que provavelmente não iria sobreviver assolou-lhe a alma, pois a perda de sangue era excessiva. As dores estavam a diminuir de intensidade e ele percebeu que era um sinal de que o seu corpo desistia da luta.
Estupefacto, compreendeu então a razão de ter sido esfaqueado. Nunca imaginara que pudessem matá-lo por isso. O que acontecera não fora por sua vontade e nem sequer lhe dera importância. O erro fatal fora não ter reagido.
Era inútil resistir, só esperava que tudo terminasse depressa e sem mais dor. Com um sentimento de angustia profundo, vieram-lhe à mente todas as coisas que havia planeado fazer ao longo da sua vida. A sua família e os seus amigos iriam sofrer imenso, incluindo a sua namorada, Cristina, que iria morrer de desgosto quando soubesse que ele tinha morrido. Subitamente, o sentimento de profunda tristeza foi substituído por uma raiva incontrolável. O seu último desejo era que o assassino sofresse tal como ele havia sofrido. Desejava que morresse de uma forma igualmente cruel e injusta, fosse morto à traição da mesma maneira que matara.
Uma luz cegou-o. O sol havia rompido pela janela e a luminosidade invadira a cozinha. O calor do sol não chegou para balancear o frio que sentia. Olhou para a janela, apreciando o espectáculo maravilhoso e luz que o cegava. Foi com essa imagem que perdeu os sentidos.
Precisava de se deitar rapidamente, pois sabia que estava completamente bêbado. O seu estado era tal que tinha demorou uma eternidade para conseguir encontrar as chaves do apartamento e ainda mais para abrir a porta.
Enquanto caminhava em direcção ao seu quarto, um ligeiro desvio levou-o à cozinha. Tinha a garganta seca, um dos primeiros sinais de ressaca, e precisava dum copo de água com urgência.
A cozinha estava no seu estado normal, com a loiça por lavar e os caixotes do lixo a abarrotar, com dezenas de moscas da fruta a sobrevoá-los. A falta de tempo para as limpezas não era surpreendente para seis estudantes que se comprometia tanto a ir a todas as festas como a tentar passar nos exames de todas as cadeiras. Naturalmente que existiam excepções naquela casa mas, esses também não limpavam porque não o queriam fazer sozinhos.
David demorou cerca dum minuto a encontrar um copo menos sujo que os restantes. Encheu com água da torneira e sorveu o líquido avidamente.
Ouviu passos atrás de si. Voltou-se sobressaltado, constatando que era apenas um dos rapazes que vivia consigo. Não esperava vê-lo em casa àquelas horas.
― Bom dia! ― cumprimentou.
― Bom dia. ― devolveu-lhe o rapaz com uma expressão neutra.
Dirigiu-se ao frigorífico, ainda zonzo com o efeito da bebida. Estava extremamente esfomeado, pois não comia nada há horas. Abriu a porta do frigorífico, retirou o pacote do fiambre e fechou-a de seguida com a ajuda do cotovelo. Como estava embriagado, o gesto não lhe correra como previra e a porta do frigorífico ficara entreaberta. Praguejou enquanto atirava o fiambre para cima da mesa, voltou a abrir a porta do frigorífico, fechando-a de seguida com uma velocidade excessiva.
Pegou na metade de um bico do dia anterior para fazer uma sanduíche. Olhou-a durante alguns segundos, o seu cérebro parecia demorar um eternidade para chegar à conclusão de que precisava de uma faca para abrir o pão. Percorreu a divisão com o olhar de modo descortinar onde poderia encontrar uma, descobrindo-a na mão do seu colega de apartamento.
― Podes emprestar-me essa faca por um momento? ― pediu David, tentando soar simpático.
― Agora estou a usá-la, vê se encontras outra ― respondeu-lhe o jovem, aparentemente mal-humorado.
― 'Tá bem! ― concordou David, sem ligar importância.
Virou costas e dirigiu-se ao lava loiça, procurando por alguma faca que pudesse lavar.
No momento seguinte, sentiu uma dor lancinante nas costas. Algo o tinha atingido, penetrado a sua pele e embatendo na omoplata. Sentiu os músculos serem rasgados por um movimento descendente.
― Foda-se! O que é que foi isso? ― balbuciou David confuso e com dificuldade em articular as palavras.
O golpe não fora muito profundo, todavia o sangue começou a correr ao removerem o objecto que o cortara, manchado-lhe a camisa. As pernas fraquejaram, obrigando-o a apoiar-se no balcão frio da cozinha. Como resposta, outro golpe atingiu-o novamente nas costas, desta vez atingindo uma profundidade superior.
― Aaaaaa! ― gritou de dor.
Sentiu-se em pânico ao perceber que estava a ser esfaqueado e que se não reagisse, iriam matá-lo ali mesmo. Porém, o álcool presente no sangue fazia com que os seus reflexos ficassem mais lentos. Quando a faca foi removida das suas costas conseguiu finalmente reagir. Infelizmente, ao tentar virar-se, simplesmente colapsou no chão.
As pernas não respondiam, a visão estava desfocada e ele sentia-se zonzo. A perda de sangue começava a ter os seus efeitos. Olhou para o atacante e um só pensamento lhe ocorreu: fugir, pois ele desejava a sua morte. Com um esforço tremendo, começou a arrastar-se pelo chão da cozinha em direcção à porta.
Um par de passos e o vulto aproximou-se dele. Sentiu outra facada e mais dor dor. De seguida outra e, por fim, outra. Tomado pelo pânico, David esforçava-se para ignorar a dor latejante, lutando para não perder os sentidos.
― Porquê? ― sussurrou virando-se com dificuldade, usando as últimas forças.
Como resposta, sentiu outro corte, tão profundo que provavelmente lhe perfurara os pulmões. Estava fraco e não sabia quanto mais tempo se conseguiria manter consciente. Para seu horror, o agressor deixara a faca no seu peito. A visão ficou estranhamente clara e pode ver a expressão do assassino. Os olhares cruzaram-se durante um momento, antes que atacante se colocasse em fuga.
David continuou a arrastar-se, cada vez com mais esforço. Tinha esperança de conseguir encontrar ajuda. Tentou gritar, mas não conseguiu. Via-se forçado a respirar como se tivesse corrido uma maratona.
Sentiu que estava húmido e, para seu horror, descobriu que estava a deixar um rasto de sangue à sua passagem, o seu próprio sangue. Naquele instante, a consciência de que provavelmente não iria sobreviver assolou-lhe a alma, pois a perda de sangue era excessiva. As dores estavam a diminuir de intensidade e ele percebeu que era um sinal de que o seu corpo desistia da luta.
Estupefacto, compreendeu então a razão de ter sido esfaqueado. Nunca imaginara que pudessem matá-lo por isso. O que acontecera não fora por sua vontade e nem sequer lhe dera importância. O erro fatal fora não ter reagido.
Era inútil resistir, só esperava que tudo terminasse depressa e sem mais dor. Com um sentimento de angustia profundo, vieram-lhe à mente todas as coisas que havia planeado fazer ao longo da sua vida. A sua família e os seus amigos iriam sofrer imenso, incluindo a sua namorada, Cristina, que iria morrer de desgosto quando soubesse que ele tinha morrido. Subitamente, o sentimento de profunda tristeza foi substituído por uma raiva incontrolável. O seu último desejo era que o assassino sofresse tal como ele havia sofrido. Desejava que morresse de uma forma igualmente cruel e injusta, fosse morto à traição da mesma maneira que matara.
Uma luz cegou-o. O sol havia rompido pela janela e a luminosidade invadira a cozinha. O calor do sol não chegou para balancear o frio que sentia. Olhou para a janela, apreciando o espectáculo maravilhoso e luz que o cegava. Foi com essa imagem que perdeu os sentidos.
Este texto foi escrito para ser o prologo do livro Teia de Memórias. Todavia, decidi não incluí-lo no livro.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
A primeira vez
Fábio fora meticulosamente escrutinado pelo segurança antes de o deixarem entrar. Desde o momento em que colocara os pés naquela discoteca que se sentia nervoso. O fumo quase o deixava a chorar. Cada objecto daquele local gritava a palavra promiscuidade.
O sentimento de nervosismo era mais antigo que isso, vinha desde o momento em que decidira ir lá da última vez. Quisera ir sozinho. Quem mais o poderia acompanhar? Em algumas coisas, era melhor estar-se sozinho, e a noite numa discoteca chamada Orgulho era uma delas.
A vida era feita de escolhas e ele fizera a sua. Talvez não tivesse sido o melhor sitio onde começar, nem a sua escolha a mais acertada. Quem poderia saber?
Sem saber como agir, furou pelo meio da multidão que dançava freneticamente. Dirigiu-se ao balcão e pediu uma bebida. Qualquer bebida servia. Engoliu-a num trago e esperou que o líquido operasse a sua magia. Não tardou que bebesse uma segunda.
Num momento alguém se aproximou dele. Ele deixou. Precisava de sentir o toque. Precisava de algo que nunca tinha recebido. Precisava naquele momento.
Foram um tanto confusas as palavras trocadas. Saíram da discoteca juntos. O carro arrancou logo de seguida, conduzido a um apartamento. Foi levado a uma cama, as roupas voaram e, pela primeira vez, ele conseguiu aceitar-se tal como era.
Partilharam o prazer carnal como se o fim do mundo estivesse para chegar. Experimentaram até à exaustão.
No fim, ficaram deitados a olhar um para o outro. Fábio viu que dificilmente algum dia amaria aquela face barbeada e uns bons dez anos mais velha. Mesmo assim, dera-lhe algo que nunca tivera. De manhã seria outro dia e eles iriam separa-se como se nunca se tivessem conhecido.
Este conto foi escrito como desafio semana de um grupo de escrita.
O sentimento de nervosismo era mais antigo que isso, vinha desde o momento em que decidira ir lá da última vez. Quisera ir sozinho. Quem mais o poderia acompanhar? Em algumas coisas, era melhor estar-se sozinho, e a noite numa discoteca chamada Orgulho era uma delas.
A vida era feita de escolhas e ele fizera a sua. Talvez não tivesse sido o melhor sitio onde começar, nem a sua escolha a mais acertada. Quem poderia saber?
Sem saber como agir, furou pelo meio da multidão que dançava freneticamente. Dirigiu-se ao balcão e pediu uma bebida. Qualquer bebida servia. Engoliu-a num trago e esperou que o líquido operasse a sua magia. Não tardou que bebesse uma segunda.
Num momento alguém se aproximou dele. Ele deixou. Precisava de sentir o toque. Precisava de algo que nunca tinha recebido. Precisava naquele momento.
Foram um tanto confusas as palavras trocadas. Saíram da discoteca juntos. O carro arrancou logo de seguida, conduzido a um apartamento. Foi levado a uma cama, as roupas voaram e, pela primeira vez, ele conseguiu aceitar-se tal como era.
Partilharam o prazer carnal como se o fim do mundo estivesse para chegar. Experimentaram até à exaustão.
No fim, ficaram deitados a olhar um para o outro. Fábio viu que dificilmente algum dia amaria aquela face barbeada e uns bons dez anos mais velha. Mesmo assim, dera-lhe algo que nunca tivera. De manhã seria outro dia e eles iriam separa-se como se nunca se tivessem conhecido.
Este conto foi escrito como desafio semana de um grupo de escrita.
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Histórias de terror
À noite, as plantas maiores contam histórias de terror aos rebentos, quase sempre sobre vegetarianos.
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
As certezas de Heisenberg
Werner
pousou a caneta e atirou com a folha de papel para o cesto. Havia
algo de errado com aquele calculo de probabilidade. O resultado era
demasiado baixo e tinha a sensação que lhe faltava algo.
Olhou
pela janela. Tudo estava calmo. Decorria uma guerra e ninguém
parecia dar de conta. A vida prosseguia o seu rumo.
A
Wehrmacht desfilara pelas ruas de Paris há apenas uma semana. Outra
vitória rápida e decisiva devida à Blitzkrieg. O mundo nunca mais
seria o mesmo.
Naquele
momento, o futuro decidia-se numa folha de papel. Recomeçou
novamente, fez assumpções e aproximações diferentes, contudo tudo
parecia dar no mesmo. Cada vez mais furioso, atirou a folha para o
lixo e, de seguida pontapeou o balde. O conteúdo espalhou-se pela
sala. Inúmeras horas de trabalho haviam sido desperdiçadas, num
problema que aparentemente não tinha solução.
Abandonou
a sala e dirigiu-se à casa de banho. Ao entrar e ver a sua imagem
reflectida no espelho, teve uma ideia. Correu de volta à sala e
repetiu os cálculos, assumindo um material reflector envolvendo o
material. Concentrado, repetiu todos os cálculos. O resultado era
muito mais animador, tão bom que decidiu repetir as contas para ter
a certeza.
Os
dois resultados coincidiam. O número era muito baixo. Dez
quilogramas. Só eram necessários dez quilogramas.
-
Come esta Oppenheimer! Desta vez levei a melhor! - exclamou
triunfante.
Tinha
na mão o resultado cientifico mais cobiçado do planeta. Não sabia
o que fazer com ele. Não tinha dúvidas do uso que seria feito dele
e também sabia que outros poderiam chegar às mesmas conclusões.
Eram
nós ou eles. Uma pergunta com uma resposta muito fácil. Pegou uma
folha em branco e começou a redigir uma carta.
O
que Heisenberg escreveu ao Führer ficou para a história. Todos os
recursos foram alocados àquele projecto. O ataque às ilhas
britânicas foi contido por um ano e bastou apenas um bombardeamento
como a nova bomba para Churchill assinar a rendição. Uma semana
depois foi a vez de Estaline fazer o mesmo. O resto da Europa nem
ousou oferecer resistência, sendo as principais capitais ocupadas
numa questão de dias.
O
Estados Unidos da América não aceitaram a derrota e tentaram impor
uma guerra de desgaste em duas frentes e com a rendição da China
ficaram totalmente sozinhos. Entretanto, o Reich havia desenvolvido
um projéctil de longo alcance que podia ser lançado a partir de um
submarino. Bastaram apenas dois para causar o mesmo pânico que na
Europa e quebrar a resistência do inimigo.
O
futuro da humanidade decidira-se numa simples folha de papel.
Este conto foi escrito como trabalho de um grupo de escrita.
Este conto foi escrito como trabalho de um grupo de escrita.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Para pensar III
Não há nada mais desesperante do que um escritor que quer escrever e não pode.
15-09-2012
15-09-2012
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
A resposta
A resposta é 42.
Só é necessário abrir o vosso motor de busca e pesquisar por “What is the meaning of life, universe and everything?”
Vou dar-vos um momento enquanto o fazem.
Quanta importância deveremos dar aos livros humorísticos de Douglas Adams na definição da vida? A resposta é óbvia: nenhuma.
Com meia dúzia de linhas e isto já está bastante confuso. Para confundir ainda mais, ninguém sabe qual é a pergunta. Qual pergunta, exigirá saber o mais céptico e exigente dos leitores? Isso é algo a que não posso responder. Ninguém sabe qual é a pergunta e duvido que tenham muito sucesso ao perguntar a ao autor.
Passando a diante.
Vida.
Obviamente o contrário de morte. Já repararam que existem muitos mais verbos e expressões para morrer do que para viver? Morrer, bater as botas, falecer, ir desta para melhor, sucumbir, esticar o pernil, perecer, ir para os anjinhos, soçobrar...
Grandes progressos. Já temos um número. E também várias palavras que definem o que não é a vida. Em que é que isso nos ajuda? Bem, praticamente nada.
E por falar em ajuda. Nunca comprem aqueles livros de auto-ajuda. É um desperdício de dinheiro. Esses tais livros até ajudam, mas não é ao leitor, é ao tipo que os escreveu. Depois de vender uns quantos exemplares, já houve muito pacóvio que o ajudou, pelo menos à conta bancária dele.
E sobre a vida? Bem isso fica para outro dia...
Este texto foi feito como desafio semanal de um grupo de escrita.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
O duelo
Correu como um rio pelo monte ao encontro da sua amada. Filipe sentia tantas saudades que desejava voar como um falcão.
Ela era uma perfeita musa, de olhos escuros adornados por longos cabelos negros. Cara morena de expressão suave quase lhe derretia o coração com o seu sorriso. Podia até dizer-se que era de uma beleza de natureza mágica, ainda que todos se rissem dessa comparação.
Algo o esperava na vale. A figura encapuçada não parecia ser nada amigável.
Parou, a um passo de ser paralisado pelo medo que sentia. Sabia muito bem de quem se tratava. A hora tinha chegado e chegara muito mais cedo do que previra.
A espadas foram desembainhadas e as últimas preces proferidas. As armas chocaram e as faiscas saltaram. O duelo era equilibrado e equilibrados os duelistas estavam. Entre ataques, contra-ataques e defesas, recuos e avanços, o combate continuava.
Filipe sentiu o tempo abrandar à medida que passava mais tempo entre cada batida do coração. A espada vinha na direcção da sua face. Sem pensar levantou a bainha e desviou o golpe. Sem pensar, contra-atacou o oponente com um corte vertical.
O golpe encontrou carne e, tão rápido como tinha começado, o combate terminou. Era hora de voltar a casa.
Quando chegou à sua humilde cabana só esperava que ela não o fulminasse com o olhar assim que entrasse.
Este conto foi feito como desafio semanal de um grupo de escrita.
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Nada e tudo
O meu nome é Félix e sou o homem com mais dinheiro que alguma vez existiu. Para ser mais exacto, eu não existo, eu acumulo. Quase todo o dinheiro da humanidade me pertence. Perdão! Se contarmos com os juros do último semestre, todo o dinheiro é meu e um pouco mais até.
Eu nasci numa família pobre e humilde. Tive de esperar até ser maior de idade para receber o primeiro milhão dos meus pais.
A maior parte de vós não se recorda da Terceira Guerra Mundial. Foi um conflito sangrento e sem sentido, se excluirmos o potencial de crescimento económico. Havia passado apenas quatro anos desde que a guerra terminara e todas as companhias de produção de equipamento bélico estavam num poço bolsista. Escusado será dizer que comprei grandes cotas por tuta-e-meia. Não o podia ter feito em melhor altura. Poucas semanas depois as tensões nacionalistas na Crimeia dispararam e, com elas, as vendas de material de guerra.
Previ que não seria um conflito longo, pois já todos andavam fartos de guerra e a comunidade internacional não tardaria a intervir. Tomei uma decisão crítica e vendi as acções nas primeiras horas do conflito, obtendo um valor muito próximo do seu máximo histórico. Com o lucro comprei várias de empresas de construção e reconstrui os locais devastados pelo conflito.
Investi as parcas dezenas de milhão que daí resultaram na banca e em companhias de seguros. A partir de agora, para facilitar, vamos omitir a palavra milhões e chamemos-lhe apenas dezenas. O crescimento de 15% por ano era bom, mas achei que podia fazer melhor, por isso investi na indústria alimentar.
A grande fome fez-me perder uns vinte (milhões) em compensações resultantes de seguros. Pior, apenas ganhei uns quarenta (milhões) nos outros dois ramos. Aproveitei, contudo, para comprar mais algumas seguradoras.
Quando atingi os duzentos (milhões), já a minha fama me precedia. Bastava comprar um (milhão) de acções para o mercado enlouquecer. Aproveitei-me disso e criei mais confusão. Nunca consegui ganhar dinheiro tão rápido como nessa altura. Aos vinte e cinco anos de idade já tinha atingido um bilião.
Cada vez que a bolsa perdia num sector eu aproveitava para comprar e assim as minhas cotas de mercado cresciam cada vez. O filão de ouro era mesmo a banca, já que emprestava dinheiro a todos os outros.
Não tardei a conseguir comprar corporações e até pequenos estados. Financiar guerras e reconstruções era a tarefa mais lucrativa. Quando isso não era possível, bastava emprestar dinheiro. Em menos que uma década havia poucas empresas que não me devessem dinheiro. Bastava mexer um pouco com a bolsa para tornar essas dívidas impagáveis e assim poder adquirir a empresa.
E foi assim que consegui adquirir todo o dinheiro do mundo. Então o inesperado aconteceu, as pessoas perderam o interesse no dinheiro. Ainda tinha todo o capital, mas a maioria não se preocupava com isso. Não consigo compreender como é que o fazem, mas é certo que o fazem.
Hoje em dia o dinheiro não tem praticamente valor, por isso não consigo decidir se sou o homem mais rico ou o mais pobre do mundo. Se tenho tudo ou não tenho nada.
Eu nasci numa família pobre e humilde. Tive de esperar até ser maior de idade para receber o primeiro milhão dos meus pais.
A maior parte de vós não se recorda da Terceira Guerra Mundial. Foi um conflito sangrento e sem sentido, se excluirmos o potencial de crescimento económico. Havia passado apenas quatro anos desde que a guerra terminara e todas as companhias de produção de equipamento bélico estavam num poço bolsista. Escusado será dizer que comprei grandes cotas por tuta-e-meia. Não o podia ter feito em melhor altura. Poucas semanas depois as tensões nacionalistas na Crimeia dispararam e, com elas, as vendas de material de guerra.
Previ que não seria um conflito longo, pois já todos andavam fartos de guerra e a comunidade internacional não tardaria a intervir. Tomei uma decisão crítica e vendi as acções nas primeiras horas do conflito, obtendo um valor muito próximo do seu máximo histórico. Com o lucro comprei várias de empresas de construção e reconstrui os locais devastados pelo conflito.
Investi as parcas dezenas de milhão que daí resultaram na banca e em companhias de seguros. A partir de agora, para facilitar, vamos omitir a palavra milhões e chamemos-lhe apenas dezenas. O crescimento de 15% por ano era bom, mas achei que podia fazer melhor, por isso investi na indústria alimentar.
A grande fome fez-me perder uns vinte (milhões) em compensações resultantes de seguros. Pior, apenas ganhei uns quarenta (milhões) nos outros dois ramos. Aproveitei, contudo, para comprar mais algumas seguradoras.
Quando atingi os duzentos (milhões), já a minha fama me precedia. Bastava comprar um (milhão) de acções para o mercado enlouquecer. Aproveitei-me disso e criei mais confusão. Nunca consegui ganhar dinheiro tão rápido como nessa altura. Aos vinte e cinco anos de idade já tinha atingido um bilião.
Cada vez que a bolsa perdia num sector eu aproveitava para comprar e assim as minhas cotas de mercado cresciam cada vez. O filão de ouro era mesmo a banca, já que emprestava dinheiro a todos os outros.
Não tardei a conseguir comprar corporações e até pequenos estados. Financiar guerras e reconstruções era a tarefa mais lucrativa. Quando isso não era possível, bastava emprestar dinheiro. Em menos que uma década havia poucas empresas que não me devessem dinheiro. Bastava mexer um pouco com a bolsa para tornar essas dívidas impagáveis e assim poder adquirir a empresa.
E foi assim que consegui adquirir todo o dinheiro do mundo. Então o inesperado aconteceu, as pessoas perderam o interesse no dinheiro. Ainda tinha todo o capital, mas a maioria não se preocupava com isso. Não consigo compreender como é que o fazem, mas é certo que o fazem.
Hoje em dia o dinheiro não tem praticamente valor, por isso não consigo decidir se sou o homem mais rico ou o mais pobre do mundo. Se tenho tudo ou não tenho nada.
Este conto foi publicado em: http://fantasy-and-co.blogspot.pt/2012/09/nada-e-tudo-pedro-cipriano.html
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
O plano de Aleksandr - parte 2/2
Aleksandr esperava que pelo menos Estaline tivesse considerado o seu plano. Não dera muito pormenores, nem podia ser de outra forma. Quanto menos pessoas soubessem o que ele tinha em mente, maior a probabilidade de resultar. Essa escolha tinha um risco, pois o Sexto Exército Alemão podia tentar romper o cerco pelo lado de dentro. Se um corredor fosse aberto, eles poderiam receber munições e comida sem limitações. Nesse caso, Estaline estava certo em não querer mudar o Segundo Exército de Guardas, e ele seria executado por incompetência. Aleksandr contava com um Sexto Exército Alemão demasiado fraco para o fazer.
Estaline telefonou-lhe várias vezes durante a noite, para pedir esclarecimentos. A pouco e pouco, Aleksandr conseguiu explicar-lhe claramente o seu plano e quais as vantagens. Felizmente, parecia que em Moscovo estavam a considerar o seu plano. Pela manhã, Estaline telefonou-lhe novamente, autorizando a transferência do Segundo Exército de Guardas.
Aleksandr não perdeu tempo. Mandou chamar Nikita e todos os membros da equipa. A maioria não demorou muito. Nikita foi o último a aparecer.
Assim que todos estavam presentes, fechou a porta e em poucas palavras explicou-lhes o seu plano.
― Eu não concordo com o plano. É demasiado arriscado! ― opôs-se Nikita com um ar grave.
Os restantes mantiveram-se calados, observando com atenção.
― Não nego que seja arriscado, mas é o melhor que podemos fazer dadas as circunstâncias. ― respondeu-lhe Aleksandr, arrependendo-se imediatamente da escolha de palavras infeliz.
― Podemos simplesmente não fazer nada, que de momento parece o mais seguro. ― constatou Nikita.
― E se os alemães conseguirem romper o cerco? ― atiçou Aleksandr.
― Não estou a ver isso acontecer. Antes de vir para aqui consegui informar-me. O General Yeremenko colocou dois exércitos muito competentes a barrar o caminho dos alemães. ― ripostou Nikita.
― E se o Sexto Exército Alemão decidir ajudar a romper o cerco? Os exércitos de Yeremenko serão apanhados pelas costas e poder-se-ão ver cercados. ― clarificou, tentando mostrar o seu ponto de vista.
― Isso só prova que eu tenho razão. Tirar o Segundo Exército de Guardas é uma má decisão. Devemos acabar com os alemães que estão cercados o mais rápido que for possível, é a única maneira de evitar que sejam resgatados. ― insistiu Nikita, pressentindo que ganhara o argumento.
Aleksandr ficou em silêncio. Não podia desistir agora, senão o seu plano não seria executado. Não podia também fazer de Nikita um inimigo, por isso a única hipótese que tinha era convencê-lo agora.
― Têm de concordar que o que proponho irá destruir vários exércitos dos aliados alemães.
― Concordo, mas de momento isso não nos serve de nada. Podemos destruí-los mais tarde, os alemães é que são o perigo real, e é neles que nos devemos concentrar. ― refutou Nikita, apontando para o mapa.
― Mas se for feito rapidamente irá ameaçar os flancos dos alemães. ― teimou Aleksandr, desenhando com a mão as possíveis trajectórias ofensivas.
― Eu acho que é longe demais para surtir algum efeito. ― rebateu Nikita, apontando as duas localizações no mapa.
― É essa a ideia! Quanto mais longe, maior a probabilidade dos alemães não conseguirem reagir.
― É um plano demasiado ambicioso, não irá resultar!
Aleksandr não conseguia acreditar. Nikita estava sem argumentos; se jogasse o seu trunfo naquele momento, poderia convencê-lo.
― Se atacarmos aí, para além do movimento de pinça em direcção à contra-ofensiva alemã, iremos capturar as pistas de descolagem alemãs responsáveis pelo abastecimento das tropas cercadas.
― Isso era bom. Mas quais as garantias de que iremos conseguir executar esse plano sem que os alemães reajam? Quero dizer, não passaram muitas semanas desde que utilizamos exactamente a mesma estratégia, de certeza que eles desta vez estão preparados. ― comentou Nikita com cepticismo.
― Os alemães concentraram todas as forças na contra-ofensiva e não têm muito mais reservas nesta frente. Agora é o momento, quando eles têm todas as forças empenhadas nesse local. Assim sabemos onde é que eles estão, e sabemos onde é que não podem ir.― avançou Aleksandr.
― Mas dificilmente isto irá cercar os exércitos alemães envolvidos na ofensiva. Mesmo se bem executado, os alemães terão mais que tempo para recuar.
― Exacto. Nós queremos exactamente isso mesmo. Obrigá-los a cancelar a ofensiva. Nada melhor do que ameaçar cercá-los, como eu tenho vindo a defender. ― concluiu Aleksandr.
― Em traços gerais, tu propões que se bloqueie a ofensiva alemã e se lance outra ofensiva para os obrigar a desistir dessa? ― resumiu Nikita com um ar sério.
― É o melhor curso de acção. Se for executado rapidamente, têm boas chances de sucesso. ― confirmou Aleksandr.
― Convenceste-me, eu concordo com o teu plano. O que é que Estaline disse acerca disto?
Aleksandr sorriu, podia ter começado a reunião por anunciar isso. Todo aquele exercício só servira para ter a certeza que o seu plano não tinha falhas.
― Estaline concordou com o plano. O Segundo Exército de Guardas deve chegar dentro de alguns dias.
Estaline telefonou-lhe várias vezes durante a noite, para pedir esclarecimentos. A pouco e pouco, Aleksandr conseguiu explicar-lhe claramente o seu plano e quais as vantagens. Felizmente, parecia que em Moscovo estavam a considerar o seu plano. Pela manhã, Estaline telefonou-lhe novamente, autorizando a transferência do Segundo Exército de Guardas.
Aleksandr não perdeu tempo. Mandou chamar Nikita e todos os membros da equipa. A maioria não demorou muito. Nikita foi o último a aparecer.
Assim que todos estavam presentes, fechou a porta e em poucas palavras explicou-lhes o seu plano.
― Eu não concordo com o plano. É demasiado arriscado! ― opôs-se Nikita com um ar grave.
Os restantes mantiveram-se calados, observando com atenção.
― Não nego que seja arriscado, mas é o melhor que podemos fazer dadas as circunstâncias. ― respondeu-lhe Aleksandr, arrependendo-se imediatamente da escolha de palavras infeliz.
― Podemos simplesmente não fazer nada, que de momento parece o mais seguro. ― constatou Nikita.
― E se os alemães conseguirem romper o cerco? ― atiçou Aleksandr.
― Não estou a ver isso acontecer. Antes de vir para aqui consegui informar-me. O General Yeremenko colocou dois exércitos muito competentes a barrar o caminho dos alemães. ― ripostou Nikita.
― E se o Sexto Exército Alemão decidir ajudar a romper o cerco? Os exércitos de Yeremenko serão apanhados pelas costas e poder-se-ão ver cercados. ― clarificou, tentando mostrar o seu ponto de vista.
― Isso só prova que eu tenho razão. Tirar o Segundo Exército de Guardas é uma má decisão. Devemos acabar com os alemães que estão cercados o mais rápido que for possível, é a única maneira de evitar que sejam resgatados. ― insistiu Nikita, pressentindo que ganhara o argumento.
Aleksandr ficou em silêncio. Não podia desistir agora, senão o seu plano não seria executado. Não podia também fazer de Nikita um inimigo, por isso a única hipótese que tinha era convencê-lo agora.
― Têm de concordar que o que proponho irá destruir vários exércitos dos aliados alemães.
― Concordo, mas de momento isso não nos serve de nada. Podemos destruí-los mais tarde, os alemães é que são o perigo real, e é neles que nos devemos concentrar. ― refutou Nikita, apontando para o mapa.
― Mas se for feito rapidamente irá ameaçar os flancos dos alemães. ― teimou Aleksandr, desenhando com a mão as possíveis trajectórias ofensivas.
― Eu acho que é longe demais para surtir algum efeito. ― rebateu Nikita, apontando as duas localizações no mapa.
― É essa a ideia! Quanto mais longe, maior a probabilidade dos alemães não conseguirem reagir.
― É um plano demasiado ambicioso, não irá resultar!
Aleksandr não conseguia acreditar. Nikita estava sem argumentos; se jogasse o seu trunfo naquele momento, poderia convencê-lo.
― Se atacarmos aí, para além do movimento de pinça em direcção à contra-ofensiva alemã, iremos capturar as pistas de descolagem alemãs responsáveis pelo abastecimento das tropas cercadas.
― Isso era bom. Mas quais as garantias de que iremos conseguir executar esse plano sem que os alemães reajam? Quero dizer, não passaram muitas semanas desde que utilizamos exactamente a mesma estratégia, de certeza que eles desta vez estão preparados. ― comentou Nikita com cepticismo.
― Os alemães concentraram todas as forças na contra-ofensiva e não têm muito mais reservas nesta frente. Agora é o momento, quando eles têm todas as forças empenhadas nesse local. Assim sabemos onde é que eles estão, e sabemos onde é que não podem ir.― avançou Aleksandr.
― Mas dificilmente isto irá cercar os exércitos alemães envolvidos na ofensiva. Mesmo se bem executado, os alemães terão mais que tempo para recuar.
― Exacto. Nós queremos exactamente isso mesmo. Obrigá-los a cancelar a ofensiva. Nada melhor do que ameaçar cercá-los, como eu tenho vindo a defender. ― concluiu Aleksandr.
― Em traços gerais, tu propões que se bloqueie a ofensiva alemã e se lance outra ofensiva para os obrigar a desistir dessa? ― resumiu Nikita com um ar sério.
― É o melhor curso de acção. Se for executado rapidamente, têm boas chances de sucesso. ― confirmou Aleksandr.
― Convenceste-me, eu concordo com o teu plano. O que é que Estaline disse acerca disto?
Aleksandr sorriu, podia ter começado a reunião por anunciar isso. Todo aquele exercício só servira para ter a certeza que o seu plano não tinha falhas.
― Estaline concordou com o plano. O Segundo Exército de Guardas deve chegar dentro de alguns dias.
Este capítulo foi retirado do primeiro livro da trilogia de Estalinegrado, porque não estava relacionado directamente com as personagens principais. Apenas o publico aqui num exercício de pesquisa e ambientação do resto do livro.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
O plano de Aleksandr - parte 1/2
Aleksandr ficara em pânico pois não esperava o contra-ataque alemão tão cedo. Recebera a comunicação no dia anterior através do rádio. Aparentemente, a ofensiva era liderada por alguns tanques contra os quais nenhuma arma parecia ter efeito. Numerosas divisões suportavam os flancos, e a artilharia e a força aérea agiam em coordenação. A ofensiva alemã progredira rapidamente e sem que as divisões no terreno a pudessem parar. Se fossem bem-sucedidos, os alemães iriam quebrar o cerco num espaço de dias. Todo o esforço dos últimos meses teria sido em vão. Os alemães não podiam vencer desta vez. Algo teria de ser feito.
Khrushchev sugeriu que telefonasse imediatamente a Estaline. Aleksandr sabia o que tinha de ser feito, mas não quis revelar imediatamente o plano. Era mais fácil se o desse a entender implicitamente a Estaline. Ele iria tratar a ideia como se tivesse sido sua e isso seria uma garantia de aprovação.
Nikita Khrushchev era o intermediário entre o partido e os militares. Uma forma fácil de ter acesso a Estaline, mas também uma maneira de supervisionar os militares. Era um homem volumoso, de quase cinquenta anos e com uma cara de gente da província. Tinha olhos castanhos e uma verruga na bochecha. Era um homem impulsivo e mostrava-se decidido a ganhar a guerra a qualquer custo. Aleksandr conseguia ver nele uma ambição imensa.
Apesar do poder de Nikita, todos os passos importantes tinham de inevitavelmente passar pelo próprio Estaline. Infelizmente não conseguira ligação e ficara sem saber o que fazer. Aleksandr estava num dilema: fazer algo sem autorização podia colocá-lo em problemas; por outro lado, não fazer nada e esperar pela autorização podia dar ao inimigo tempo de quebrar o cerco.
Depois de reflectir por um pouco, concluiu que nenhum dos exércitos que comandava podia ser desviado da sua tarefa. Só havia um exército capaz daquilo a que se propunha: o Segundo Exército de Guardas. Esse exército podia salvar a situação, infelizmente não estava sobre o seu controlo.
Tinha de arriscar. Telefonou ao comandante da frente do Don, o general Rokossovky, e pediu-lhe para transferir o comando do exército de Malinovsky. Rokossovsky protestou vigorosamente e Aleksandr ficou sem saber o que fazer.
Pensou como se sentira há cinco meses atrás, quando Estaline o mandara redigir a ordem 227. Nessa altura, todos estavam desesperados. Agora, com o cerco dum dos mais poderosos exércitos alemães, a esperança na vitória começava a regressar. Claro que nenhum deles expressara essas dúvidas. Atitudes derrotistas não eram toleradas. Aleksandr sentiu que estava a viver um momento histórico, a possibilidade de vencer a guerra começava a desenhar-se. No entanto, se perdessem aquela oportunidade, poderia não haver uma segunda.
Decidiu telefonar novamente a Estaline ao fim da tarde. Desta vez conseguiu fazê-lo. Para grande desilusão, Aleksandr estava demasiado nervoso para conduzir a conversa pelo caminho que havia previamente traçado. Ao invés disso, despejou atabalhoadamente o seu plano de usar o Segundo Exército de Guardas para pôr fim à ofensiva alemã, pedindo autorização para concretizá-lo imediatamente. Foi o pior que podia ter feito. Estaline sentiu-se pressionado a tomar uma decisão, deixando-o furioso, o que fez com que não desse nenhuma resposta.
Nessa noite, Aleksandr não conseguiu dormir. Estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe, era impossível descansar ate esta situação ficar resolvida. Ele compreendia a relutância de Estaline. Esse exército seria usado para desferir o golpe final no sexto exército. Era uma decisão difícil, no entanto impediria os alemães de quebrar o cerco, passando a ser os mesmos a lutar contra o tempo e não os russos. O Inverno era a palavra-chave, pois cada dia que passasse, seria mais um dia em que o frio faria vítimas entre os alemães.
Andou nervosamente para trás e para diante na sala. Fez questão de ser informado imediatamente de todo e qualquer desenvolvimento em relação à ofensiva alemã. Assim que Andrey Yeryomenko soubera do ataque, ordenara o Quarto Grupo Mecanizado e o Décimo Terceiro Blindado bloquear o avanço alemão. Os alemães pareciam já ter conseguido atravessar o rio Aksay, o que significava um avanço de cerca de cinquenta quilómetros em menos de um dia.
O cansaço começava a apoderar-se dele à medida que a noite avançava. Uma noite tranquila era algo a que não se podia dar ao luxo de ter, por isso encontrava-se quase sempre exausto. Conjurava sem cessar as várias possibilidades na sua cabeça. A sua solução continuava a parecer a melhor em qualquer dos casos. Porém, o factor risco era elevado, sendo a única desvantagem.
Este capítulo foi retirado do primeiro livro da trilogia de Estalinegrado, porque não estava relacionado directamente com as personagens principais. Apenas o publico aqui num exercício de pesquisa e ambientação do resto do livro.
Khrushchev sugeriu que telefonasse imediatamente a Estaline. Aleksandr sabia o que tinha de ser feito, mas não quis revelar imediatamente o plano. Era mais fácil se o desse a entender implicitamente a Estaline. Ele iria tratar a ideia como se tivesse sido sua e isso seria uma garantia de aprovação.
Nikita Khrushchev era o intermediário entre o partido e os militares. Uma forma fácil de ter acesso a Estaline, mas também uma maneira de supervisionar os militares. Era um homem volumoso, de quase cinquenta anos e com uma cara de gente da província. Tinha olhos castanhos e uma verruga na bochecha. Era um homem impulsivo e mostrava-se decidido a ganhar a guerra a qualquer custo. Aleksandr conseguia ver nele uma ambição imensa.
Apesar do poder de Nikita, todos os passos importantes tinham de inevitavelmente passar pelo próprio Estaline. Infelizmente não conseguira ligação e ficara sem saber o que fazer. Aleksandr estava num dilema: fazer algo sem autorização podia colocá-lo em problemas; por outro lado, não fazer nada e esperar pela autorização podia dar ao inimigo tempo de quebrar o cerco.
Depois de reflectir por um pouco, concluiu que nenhum dos exércitos que comandava podia ser desviado da sua tarefa. Só havia um exército capaz daquilo a que se propunha: o Segundo Exército de Guardas. Esse exército podia salvar a situação, infelizmente não estava sobre o seu controlo.
Tinha de arriscar. Telefonou ao comandante da frente do Don, o general Rokossovky, e pediu-lhe para transferir o comando do exército de Malinovsky. Rokossovsky protestou vigorosamente e Aleksandr ficou sem saber o que fazer.
Pensou como se sentira há cinco meses atrás, quando Estaline o mandara redigir a ordem 227. Nessa altura, todos estavam desesperados. Agora, com o cerco dum dos mais poderosos exércitos alemães, a esperança na vitória começava a regressar. Claro que nenhum deles expressara essas dúvidas. Atitudes derrotistas não eram toleradas. Aleksandr sentiu que estava a viver um momento histórico, a possibilidade de vencer a guerra começava a desenhar-se. No entanto, se perdessem aquela oportunidade, poderia não haver uma segunda.
Decidiu telefonar novamente a Estaline ao fim da tarde. Desta vez conseguiu fazê-lo. Para grande desilusão, Aleksandr estava demasiado nervoso para conduzir a conversa pelo caminho que havia previamente traçado. Ao invés disso, despejou atabalhoadamente o seu plano de usar o Segundo Exército de Guardas para pôr fim à ofensiva alemã, pedindo autorização para concretizá-lo imediatamente. Foi o pior que podia ter feito. Estaline sentiu-se pressionado a tomar uma decisão, deixando-o furioso, o que fez com que não desse nenhuma resposta.
Nessa noite, Aleksandr não conseguiu dormir. Estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe, era impossível descansar ate esta situação ficar resolvida. Ele compreendia a relutância de Estaline. Esse exército seria usado para desferir o golpe final no sexto exército. Era uma decisão difícil, no entanto impediria os alemães de quebrar o cerco, passando a ser os mesmos a lutar contra o tempo e não os russos. O Inverno era a palavra-chave, pois cada dia que passasse, seria mais um dia em que o frio faria vítimas entre os alemães.
Andou nervosamente para trás e para diante na sala. Fez questão de ser informado imediatamente de todo e qualquer desenvolvimento em relação à ofensiva alemã. Assim que Andrey Yeryomenko soubera do ataque, ordenara o Quarto Grupo Mecanizado e o Décimo Terceiro Blindado bloquear o avanço alemão. Os alemães pareciam já ter conseguido atravessar o rio Aksay, o que significava um avanço de cerca de cinquenta quilómetros em menos de um dia.
O cansaço começava a apoderar-se dele à medida que a noite avançava. Uma noite tranquila era algo a que não se podia dar ao luxo de ter, por isso encontrava-se quase sempre exausto. Conjurava sem cessar as várias possibilidades na sua cabeça. A sua solução continuava a parecer a melhor em qualquer dos casos. Porém, o factor risco era elevado, sendo a única desvantagem.
Este capítulo foi retirado do primeiro livro da trilogia de Estalinegrado, porque não estava relacionado directamente com as personagens principais. Apenas o publico aqui num exercício de pesquisa e ambientação do resto do livro.
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
O dilema de Winrich - parte 2/2
Aquando da sua chegada, em que esperava ser bem recebido, devido às inúmeras condecorações recebidas em África, ao invés disso o chefe de informação tinha-o levado até ao mapa, com uma expressão séria. Lembrava-se perfeitamente das palavras do Tenente Coronel Niemeyer : “Meu amigo, vem e vê o mapa do estado da situação. Olha para as marcas vermelhas. Os russos estão a concentrar-se a Norte aqui e a Sul aqui” dissera-lhe com um ar preocupado. Baseado nessas informações, Paulus esperara por ataques fortes, com tanques e artilharia, todavia nada que considerasse fatal. No fim, acabara por passar o seu relatório aos superiores e esperar que alguém corrigisse o problema, por esse se localizar fora da sua esfera de influencia. Rommel teria agido, mesmo quebrando as regras, pensou. Devido à burocracia alemã, o relatório não fez qualquer diferença e tudo ficara na mesma. Desde então, ficara sempre em alerta em relação a esses sectores, contudo passara um mês e nada acontecera, nem mesmo no temido aniversario da revolução.
Problemas devido a informações deficientes, incompletas, contraditórias ou erradas eram comuns. Por exemplo, um mês antes houvera alguns momentos de pânico, quando se temera um ataque russo na frente central, devido ao aparecimento de numerosas novas divisões, contudo isso não acontecera, acabando essas divisões por desaparecerem pouco tempo depois.
A saga dos romenos já era longa, prolongando-se desde Outubro, quando reportaram pela primeira vez a formação de grandes concentrações de tropas. O comandante arguira que só poderia defender eficazmente esta secção se controlassem toda a margem Oeste, com o objectivo de usar o rio como uma poderosa barreira anti-tanque. Apesar do Grupo B ter aceite o seu argumento, não lhe disponibilizou a ajuda necessária, replicando que todas as tropas eram necessárias na cidade, cuja captura se considerava eminente. Apesar dos seus repetidos avisos, o pedido de ajuda nunca foi convenientemente respondido.
Os romenos ficavam cada vez mais ansiosos à medida que a situação se prolongava. Cada divisão tinha de guardar cerca de doze milhas, o que fazia com que as linhas defensivas fossem muito finas. Além disso, tinham poucas munições para a artilharia, porque as prioridade de abastecimento fora dada ao Sexto Exército.
No dia sete de Novembro o Terceiro Exército Romeno tinha alertado que esperava uma ofensiva blindada no dia seguinte. Nada aconteceu, contudo os romenos continuaram à espera que o ataque se desse nas vinte e quanto horas seguintes e assim sucessivamente. O vigésimo quinto aniversário da Revolução passou sem nenhum evento importante, de modo que os oficiais do Sexto Exército passaram a não dar importância aos avisos romenos.
Um Corpo de Exército composto por três divisões blindadas tinha sido enviada para ajudar os romenos. Apesar de teoricamente parecer forte, na prática não o era: a Décima Quarta Divisão Blindada sofrera muitas baixas e uma grave perda de material durante os combates pela cidade, falta essa que ainda não fora reposta; a Primeira Divisão Blindada Romena não tinha sequer tanques capazes de fazer frente aos T-34 russos; finalmente, a vigésima Segunda Divisão Blindada não tinha muito combustível e devido ao longo período de inactividade os tanques não estavam completamente operacionais. Na prática, meia dúzia de tanques e armas anti-tanque passeavam de sector em sector de modo a manter os romenos calmos. Todos sabiam que era meramente para levantar a moral aos romenos, já que, caso houvesse alguma ofensiva em grande escala, essa ajuda não faria qualquer diferença.
Winrich questionava-se se haveria um perigo real, tentando avaliar quais os estragos que uma ofensiva russa poderia causar nestas circunstancias. Ao certo não sabia, porque tudo dependia da reacção alemã. A Sul fora descoberto que os russos estavam a preparar posições fortemente defensivas, de modo que não acreditava que atacassem por esse lado. Talvez eles quisessem apenas tentar cercar os Exércitos Romenos, abrindo uma brecha nos flancos, desviando forças alemães do combate por Estalinegrado, o que por si já era um plano ambicioso, sob o ponto de vista de Behr.
Altifalantes com propaganda tinham tocado nos dias anteriores, com o volume ao máximo e sem pausas, talvez com o objectivo de disfarçar as preparações soviéticas. Contudo, os dias passaram sem que houvesse qualquer alteração nem sinal do inicio de uma ofensiva.
No fim o que determinou a sua inactividade não foi nenhuma consideração estratégica, foi o facto de não ter vontade de acordar o general Arthur Schmidt, o chefe de pessoal de Paulus. Ele ficaria extremamente furioso se fosse acordado por outro falso alarme. Por vezes parecia que era o próprio Schmidt quem comandava o Sexto Exército, já que Paulus era fortemente influenciado por ele, bastava que Arthur dissesse algo que Paulus imediatamente considerasse a informação como verdadeira ou argumento como válido. Havia ainda, entre ambos, um tratamento demasiado informal, algo impensável em Rommel. Por isso, somando os prós e os contras, decidiu não o acordar, ficando-se pela anotação no caderno.
Ficou a olhar pela janela, observando a neve que caia. Não se podia ver absolutamente nada, se os russos atacassem não poderiam usar nem artilharia, nem suporte aéreo. Logo, por piores que fossem as circunstancias, estariam a lutar com as mesmas condições dos romenos. Para alem, disso acreditava que tanto os russos como os alemães estavam virtualmente esgotados. A luta pela cidade causara tantas baixas de cada um dos lados que todos os Generais deveriam estar com as mãos atadas em relação à falta de pessoal. Nenhuma ofensiva poderia ter um impacto elevado nestas condições.
Ainda tecia essas considerações quando o telefone tocou novamente. Olhou para o relógio antes de ateder, passava pouco das cinco e meia.
― Daqui Major Behr. ― respondeu
― Daqui novamente tenente Stöck. Temos aqui uma situação grave, houve um toque de trompete que assinalou o inicio de um bombardeamento massivo.― Comunicou do outro lado.
― Que mais é que me pode dizer? ― inquiriu Behr, preocupado.
― Não tenho mais informações. ― responderam-lhe do outro lado.
― E os romenos? ― perguntou Behr, cada vez mais preocupado.
― Eu tenho a impressão que os romenos não conseguirão resistir, mas eu vou manter-lo informado. ― afirmou Stöck.
― Entendido! ― respondeu Behr e desligou.
Pelos vistos os romenos sempre estavam a falar a sério, pensou Winrich. As suas armas anti-tanque Pak37 não eram eficientes contra os tanques russos, nem tão pouco os seus tanques ligeiros checoslovacos, por isso já cometi um erro, deveria ter acordado Schmidt logo após o primeiro telefonema, logo é melhor que o faça já, concluiu.
Behr não tinha sequer uma pequena noção das implicações que esta contra-ofensiva teria no decurso da guerra.
Este capítulo foi retirado do primeiro livro da trilogia de Estalinegrado, porque não estava relacionado directamente com as personagens principais. Apenas o publico aqui num exercício de pesquisa e ambientação do resto do livro.
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